O feminismo e a práxis marxiana – Parte I

  • Rodolfo Melo
  • 21 maio 2022

O objetivo deste artigo não é mostrar o lado “oculto” do feminismo ou o seu suposto “lado emo”. Na verdade, repugnamos esse tipo de atitude que acomete certos conservadores. Tratam um pensamento profundamente intricado com slogans, jargões, sensos comuns – caricaturizando seus adversários ao invés de apresentar o seu pensamento. O leitor não encontrará aqui este tipo de atitude. O feminismo não é a caricatura da militante de universidade federal. Abordamos, em nossos artigos, a seriedade da intelectualidade marxiana, e fizemos uma nova proposta de estudo do “problema marxiano” – onde estabelecemos a diferença entre marxianos e marxistas. [1] Disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-parte-ii/

O feminismo se faz amplamente presente em nosso século. Caso queiramos saber o porquê disso, é necessário entendê-lo desde dentro – de suas várias vertentes teóricas. Por isso, o leitor encontrará aqui um artigo expositivo de uma investigação. Karl Marx, no livro I do capital, faz a distinção entre modo de exposição e modo de investigação. Em seus dizeres: “… deve distinguir o modo de exposição segundo sua forma, do modo de investigação. A investigação tem de se apropriar da matéria em seus detalhes, analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e rastrear seu nexo interno. Somente depois de consumado tal trabalho é que se pode expor adequadamente o movimento real”. [2] Marx, 2011, p.128-129

Utilizamos de suas palavras para deixar claro, ao leitor, que esta é uma exposição da nossa investigação marxiana. Trataremos, então, do curso “Da reivindicação dos direitos da mulher ao marxismo feminista | #8M 2022” da Boitempo. Primeiro, temos de aclarar o título de nosso artigo. É senso comum a imagem da práxis como “ação”, mas, ao contrário do que se pensa, a práxis é uma relação dialética entre teoria e ação. Antonio Gramsci foi um dos primeiros marxianos a desenvolver uma definição de “filosofia da práxis”.

Ao seu ver, numa filosofia onde tudo é prática, o ato propriamente prático – a política – não poderia ser independente, mas sim filosofia – visão de mundo, ações humanas que se relacionam, não só entre homens e homens, mas também entre homens e coisas. Para Gramsci, a filosofia é também política, e a política é também filosofia. Assim, o pensamento é prático e a prática é pensamento. Em seus dizeres: “os homens tomam consciência dos conflitos da estrutura e, com afirmação voluntária, atuam para transformá-lo”. [3] Dicionário gramsciano/organização Guido Liguori, Pasquale Voza, 1.ed, Boitempo, 2017, p.1062

Marx, em sua tese de doutorado, vai dizer que: “o espírito teórico liberto em si mesmo converte-se em energia prática e, na condição de vontade, volta-se contra a realidade mundana que existe sem ele… a própria práxis da filosofia é teórica… Inspirada pelo impulso de realizar-se, ela entra em tensão com outro… A consequência disso é que o tornar-se filosófico do mundo é concomitantemente um tornar-se mundano da filosofia…” [4]Marx, Boitempo, 2018, p.58-59

Para Marx, a práxis é uma “exigência de dois gumes”, pois, na medida em que o pensamento pratica sua ação no mundo, ele busca o realizar. Assim, o “mundo” do pensamento se volta contra o mundo existente. Quando o pensamento age no mundo ele o transforma, transformando também o próprio “mundo” do pensamento. Há uma espécie de “pensamento” do mundo – pensamento que age no mundo, relacionando a natureza e o homem, e o homem e o homem; e há o “mundo” do pensamento –  a existência do ser pensante, que avalia a existência do mundo pela ideia.

Quando eu escrevo este artigo estou pensando em tais ou quais palavras, mas o meu pensar é, ao mesmo tempo, avaliar – praticar uma ação de avaliar quais palavras usar; já quando levanto da cama para ir trabalhar, estou seguindo um “pensamento” do mundo – tenho de trabalhar desta e desta maneira para ganhar dinheiro, sustentar minha casa e a minha família. Em resumo: a práxis é uma prática teórica-avaliativa sobre a teoria do mundo – ação do homem e homem, homem e natureza -, a qual, ao avaliar, tenta agir modificando-o. É assim que Gramsci vai ver a práxis como uma coincidência de “ciência-ação”: “teorização de uma relação humana que, no teorizar, exprime e organiza uma vontade de transformação, torna-se práxis ela mesma”. [5]  Dicionário gramsciano/organização Guido Liguori, Pasquale Voza, 1.ed, Boitempo, 2017, p.1058

Em segundo lugar, queremos mostrar como a intelectualidade marxiana leva a sério a hierarquia em seus cursos. A estrutura deles é feita sempre da seguinte maneira: I – o tema do curso não é sobre o dia a dia, dramas pessoais, familiares, mas sim sobre a apresentação de um autor, de uma obra, ou a introdução de um lançamento recente; II – os cursos sempre são ministrados por pós doutores, considerados mestres pela casa – tendo livros e artigos publicados, e sendo também coordenadores de grupos de teses e trabalhos; III – o objetivo do curso é dar uma apresentação geral do autor ou da obra, de maneira a incentivar, e orientar, aos alunos os parâmetros e os critérios de inspeção do cenário vigente;

IV – decorrente do ponto anterior, os cursos sempre contam com a mediação de mestrandos ou doutorandos, aos quais já estão em processo especializado de avaliação dos temas; V – decorrente de todos esses pontos, os cursos não são para o público leigo em geral, mas para estudantes já versados nos conceitos, nas terminologias, e nos procedimentos de pesquisas. Esse último ponto ficará claro quando falarmos de 5 conceitos aos quais a palestrante usa – e que são impossíveis de serem entendidos sem se remeter à leitura do seu livro, e dos filósofos aos quais ela utiliza.

Fica claro, assim, que a intelectualidade marxiana tem o senso, e a prática, da hierarquia como jamais tiveram os intelectuais conservadores. Pois bem, o curso em questão conta com 6 aulas, começando pelo “documento fundacional do feminismo”, “a revolução das mulheres de 8 março”, “patriarcado, exploração e caça às bruxas”, “pensamento feminista negro”, “fascismo, gênero e luta de classes no Brasil”, até “por que o marxismo precisa ser feminista?”. Queremos começar com a última aula deste curso, porque, ao nosso ver, ela é a melhor ilustração da seriedade da intelectualidade marxiana – da intricabilidade de suas teorias, e do papel do intelectual marxiano como refundador do pensamento de Marx.

Passemos assim para a aula 06. A palestrante é a marxiana Virgínia Fontes. Como sempre fazemos, vamos mostrar um pouco de seu currículo. Virgínia é Historiadora, com mestrado na UFF (1985) e doutorado em Filosofia – Université de Paris X, Nanterre (1992). Atua na Pós-Graduação em História da UFF. Integra o NIEP-MARX – Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o marxismo. Coordena o Grupo de Trabalho e Orientação-GTO. É autora de “Reflexões Im-pertinentes” (2005), de “O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história” (2010), co-autora de “Hegemonia Burguesa na Educação Pública” (EPSJV, 2018) e de inúmeros artigos em periódicos nacionais e internacionais. Também é docente da Escola Nacional Florestan Fernandes-MST. [6] Informações disponíveis em: https://www.escavador.com/sobre/3770141/virginia-maria-gomes-de-mattos-fontes

Virgínia começa a aula falando que vai se concentrar um pouco na pergunta “por que o marxismo precisa ser feminista?, e, em seus dizeres: “ele já precisava ser feminista antes, mas na atualidade ele precisa ser ainda mais feminista, porque, na atualidade, a logica e a dinâmica da expansão do capitalismo vem atingindo de maneira mais brutal e violenta, mulheres, negros e negras, e indígenas”.

Ela dá algumas razões para isso. A primeira seria: “Nossa teoria não é uma teoria congelada, mas uma teoria cuja maior exigência é que a gente agarre o mundo concreto. O capitalismo atual é a máquina mais mortífera da atualidade. Fala-se de bárbaros, mas bárbara é esta sociedade que estendeu de maneira avassaladora as explorações e as opressões”. Sobre a questão de “não ser uma teoria congelada”, já estabelecemos a justificativa em nossa proposta de estudos [7] Ver: https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-o-problema-da-intelectualidade-conservadora-parte-v/ , mas acreditamos que, neste ponto, faz-se necessário uma pausa . É preciso dar maior nitidez ao conceito utilizado.

Vamos, então, ao livro “Ler o Capital”, dos filósofos marxianos Louis Althusser e Étienne Balibar: “A censura de fundo que Marx, desde a Miséria da Filosofia até O Capital, dirige a toda a Economia clássica é ter ela uma concepção a-histórica, eternitária, fixista e abstrata, das categorias econômicas do capitalismo. Marx declara em termos nítidos que é preciso historicizar essas categorias, para pôr em evidência a sua natureza, sua relatividade, e sua transitividade”. [8] Ler o Capital, 1980, p.30

Althusser vai corroborar com a nossa abordagem ao falar sobre a “coexistência dos membros do sistema social a uma estrutura”. Segundo o autor, há uma “estrutura específica da totalidade” a qual forma uma coexistência de seus membros. Estes têm as suas ações relacionadas, e constituídas, pelo movimento da estrutura. Essa totalidade – a coexistência dos membros – é articulada, orgânica e hierarquicamente, na estrutura. As ações dos membros, aos quais se relacionam na totalidade, estão sujeitas à ordem da estrutura dominante – ao qual introduz uma ordem específica, articulando e relacionando as ações dos membros. [9] Ver páginas 36-38 do livro “Ler o Capital”. Isso quer dizer que existem vários níveis e hierarquias – as quais vão sendo articuladas, mobilizadas, pela estrutura. Portanto, a intelectualidade marxiana entende que sua teoria tem sempre de estudar o sistema social, a totalidade social – a qual vai se sistematizando às ordens da estrutura.

Explicado esse conceito, voltemos a Virgínia: “Esses processos expropriatórios vem se intensificando numa proporção e escala de tal absurdo que, hoje, não só a terra e os meios de produção da vida foram, ou estão sendo, expropriados, mas também a água, o ar, a biologia humana, e todos os direitos que foram conquistados”. Temos de nos remeter ao livro da Virginia para que se tenha a nitidez conceitual de “expropriação”, mas, antes de fazê-lo, deixemos que ela introduza outro conceito basilar.

Ela ressalta então: “Não há capital sem trabalho. O próprio capital fictício é uma máquina de expropriar trabalhadoras. Ainda que, aparentemente, ele não tenha relação com o trabalho, ele é um dos motores mais dramáticos de expropriação dos direitos, da condição de vida, e, portanto, da redução da grande maioria da humanidade a vendedores extremamente necessitados de força de trabalho”. Assim, pedimos atenção dos leitores, pois iremos ter de adentrar na explicação do nexo interno da teoria. Em seu livro, a Virgínia vai dizer que o seu objetivo é “retomar a reflexão marxiana para integrá-la à análise do capital-imperialismo contemporâneo, procurando escapar do equívoco de dissociação entre o econômico e o social”. [10]  Fontes, 2010, p.21

Segundo a mesma, o capital recria, re-executa, a ação de expropriar as ações sociais. Assim, ela vai retomar certas categorias de Marx dizendo que existe um “capital monetario”, ao qual porta juros, e um “capital funcionante”, ao qual tem a função de extrair mais-valor e expandir esta ação. [11] Ver: Fontes, 2010, p. 22 Isso significa que há uma massa de recursos – aplicação monetária via empréstimo ou aplicação – que extrai de maneira intensificada, e acelerada, uma ação de mais-valor do conjunto social. O portador de juros – utilizando o seu capital – impulsiona o capital funcionante a executar a ação de mais-valor.

Há um processo que ela chama de produção, ao qual preferimos chamar de processo executante da ação – ou processo de executar a ação. Ela diz que esse executante precisa comprar força de trabalho – ao qual chamaremos de aparelho executante – e meio de produção – ao qual chamaremos de meio de execução. Vamos explicar, então, os conceitos. Chamamos de aparelho para que não se confunda força de produção com equipamentos tecnológicos. Aparelho refere-se tanto a mente humana, seu pensamento, como seu aparelho de ação – seu corpo, suas mãos, suas habilidades de ação. O homem é um aparelho que executa uma ação, e um meio de executá-la – assim como os instrumentos de trabalho são também um meio.

Pois bem, a Virgínia vai dizer que para comprar a ação humana a ser executada, e o meio de executá-la, ele precisa de um capital – um empréstimo via juros. O capital – que detém esse dinheiro – empresta o valor sob juros. Após o processo ser concluído, o capital funcionante vai vender a mercadoria executada, gerada, reconvertendo essa ação em dinheiro, lucro. Isso significa dizer que aquele capital funcionante foi “obrigado” a re-executar a mesma ação do capital monetário: vender a mercadoria acima do seu valor e obter juros, lucro. Este, por sua vez, irá remunerar a ação do capital portador de juros, ou seja: o devolve sob a forma de juros.

Ela chama o capital emprestado de “mercadoria”, a qual seria vendida a quem conseguisse extrair dela uma ação acima do trabalho. Esse capital-mercadoria especula o valor dos juros, “frauda” a atividade do funcionante – que se limita a “puncionar” e ampliar valor. Esse funcionante poderia executar várias, e várias, outras ações – segundos suas habilidades, seus pensamentos -, mas é obrigado a se “espelhar” no ponto de vista do capital monetário. Para Virginia, isso é um “fetiche” que se “potencializa”, porque espelha a experiência do capital monetário – do juros – para o conjunto social. O proprietário do recurso tem a sua ação feita como imagem unilateral, e generalizada, para todo o conjunto, para toda a existência social – alterando, em última análise, as ações do aparelho social, dos pensamentos e habilidades, que se relacionam nos grupos sociais. [12] Ver: Fontes, 2010, p. 23-26

Vamos, agora, recorrer a Marx para explicarmos o que é esse tal de “capital”. Marx vai dizer em seus “Manuscritos econômicos filosóficos” que o capital é o poder de governar a ação, a qual o homem executa, e os resultados desta ação – o que foi executado. O capital é uma propriedade. Ele faz com que certa quantidade de ação, a qual se executa, seja armazenada. Para Marx, capital é “trabalho armazenado”, “trabalho morto”. [13] Ver Marx, 2008, p.40-41 O capitalista, então, usa desse capital e aplica, ganhando dinheiro através dos juros. Assim, quanto maior a ação humana executada na mercadoria maior o ganho do capital morto.

Para Marx, o único motivo que faz o possuidor do capital a investi-lo é o “ponto de vista do seu próprio lucro”: “Para o capitalista, a aplicação mais útil do capital é aquela que lhe rende, com igual segurança, o maior ganho. Esta aplicação nem sempre é a mais útil para a sociedade… O interesse dessa classe [capitalista] não tem ligação com o interesse geral da sociedade… O interesse particular daqueles que exploram um ramo do comércio é sempre diferente do [interesse] do público, e, até mesmo, contraposto a ele de maneira hostil… Esta é uma classe de gente cujo interesse jamais será exatamente o mesmo que o da sociedade”. [14] Marx, 2008, 46-47

Marx tira disso a seguinte conclusão: as mais importantes ações – que se devem executar – são reguladas, e dirigidas, segundo os planos dos capitais – aos quais especulam e aplicam uma ação (valor), com o objetivo de lucro, de pressupor lucro. É na concorrência que Marx verá a enganação, deterioração e adulteração das mercadorias. Graças a essa especulação de valores, da circulação de valor, há o lucro por meio de uma sucessiva transformação, permuta e troca, onde o produto “sai de sua mão sob uma determinada forma e regressa sob outra”. [15] Marx, 2008, p.51

Em resumo: as ações a serem executadas são armazenadas, viram “trabalho morto”, a qual o detentor do capital irá especular uma ação – acumular mais valor, e controlar, governar, as novas ações que os homens devem executar. Por fim, é preciso ir ao seu livro “A miséria da Filosofia”, para entendermos os conceitos de valor e trabalho. Marx explica o valor de troca pela divisão do trabalho, e esta pelas necessidades a serem satisfeitas.

Segundo Marx: “A medida do trabalho é o tempo. O valor relativo dos produtos é determinado pelo tempo de trabalho que foi preciso empregar para produzi-los… o trabalho, sendo ele mesmo mercadoria, mede-se pelo tempo de trabalho que é necessário para produzir o trabalho-mercadoria. E o que é preciso para produzir o trabalho-mercadoria? Exatamente o tempo de trabalho necessário para permitir a sobrevivência do trabalhador e as condições de propagação de sua espécie”. [16] Marx, 2017, 64-70

Marx vai chamar isso de salário, forma-salário. Isso significa que o capital regula, e dirige, qual será o valor da ação executada pelo trabalhador – seu resultado -, e o paga uma forma-salário. Ele vai dizer então: “ … o que determina o valor de produção não é tempo de produção de uma coisa, mas o mínimo de tempo no qual ela pode ser produzida, e esse mínimo é constatado pela concorrência”. [17] Marx, 2017, p.83

A concorrência, como já vimos, é o especular uma ação de valor para acumular mais valor. Vamos dar um exemplo disso. Digamos que para executar a ação de escrever este artigo eu precisasse de uma jornada de 10 horas. O capital vai especular uma ação sobre o resultado da minha ação – meu trabalho; nisso, ele regulará como quer o artigo, de qual jeito devo escrevê-lo, quais habilidade são necessárias para que eu possa escrever, sobre qual tema devo escrever, em suma: ele dirigirá não só o meu tempo, mas as minha ações. Em troca disso, ele compra o meu tempo sob a forma-salário.

Porém, ele especula o valor do meu trabalho e vê que dá para ter um artigo, do mesmo jeito ao qual eu escrevi, numa jornada de 5 horas. O capital vai dirigir uma nova exigência a minha ação e a meu tempo, pois seu objetivo é ganhar lucro no mínimo possível de tempo. Eu me adequo a exigência do capital ou sou substituído por um trabalhador concorrente. Assim, Marx vai dizer que não há troca de produtos, mas sim troca dos trabalhos que concorrem para executar a ação. É da troca dos aparelhos executantes ( suas habilidades e pensamentos) que depende o modo de troca dos produtos – dos resultados.

Isso gera outra ocorrência. Na medida em que não devo ter as habilidades, os pensamentos, as ações, que se condicionam, e se relacionam, às ações dos aparelhos sociais, dos grupos sociais – dos interesses destes e do meu próprio -, mas sim do capital, a sua imagem, o seu espelhamento, torna-se vida para mim. Devo dedicar minhas habilidades, meu tempo e interesse, ou qualquer ação, aos outros, somente se eu ganhar algo com isso. Cobro um juros, ao me relacionar com qualquer outro aparelho social, para poder pagar os juros que o capital me exige ( gastar certa quantia para adquirir certas habilidades de trabalho, certos equipamentos, certos conhecimentos, etc). Faço, então, o que a Virginia chama de “extrair ação de valor”. A ação que o capital executa eu re-executo socialmente. 

Ela vai dizer que esse capital acaba se convertendo num aparelho social “anônimo”, ao qual punciona, e expande, as ações capitalistas, relacionando-as socialmente. O capital “configura diretamente a ação social”. O capital torna-se a “massa de trabalho morto acumulado sob a forma-dinheiro”. Esse processo explora a ação do aparelho social executante ( as habilidades, os pensamentos, a vida, dos grupos sociais), e torna a integralidade da sociedade totalmente dependente de irrigar a ação do capital para ela toda – para que cada um de seus membros, e a própria sociedade, possa subsistir. Assim, a sociedade está cada dia mais dependente de extrair ação de mais valor, de tal maneira, que acaba resultando dela. E isso impede que esqueçamos o “chão social”, a ação social, a qual segue nos relacionando – e nos enraizando – ao capital. [18] Ver: Fontes, 2010, p.28-29

Segundo Virgínia, a lógica “absolutamente irracional” de re-executar a ação do capital tende a apresentar o capital monetário – o juros – como a principal mercadoria do capitalismo. A ação do capital se expande, e se relaciona, às ações sociais que permitam extrair a ação de mais-valor. Ao mesmo tempo, essa ação se descola ficticiamente das ações reais as quais condicionam a própria vida social. [19] Ver: Fontes, 2010, p.35

Chegamos, assim, ao conceito de capital fictício: a ação especulativa do capital torna-se imagem espelhada, generalizada, de todo o interesse social – deslocando, assim, todas as ações reais de vida as quais se condicionam e se relacionam. Para a Virgínia, a existência do capital fictício impõe um resultado social dramático: aprofunda, e intensifica, o expropriar da ação do aparelho social; isso subalterniza o aparelho executante, como também impele a comprometer o futuro da integralidade da vida social – transformando-a numa mera ação condicionada a re-executar a ação do capital. [20] Ver: Fontes, 2010, p.38

Portanto, o capital portador de juros tem um derivado: o capital fictício; eles impõem um “aprofundamento alucinado das exigências tirânicas” para extrair uma ação de sobretrabalho (ou seja: acima, superior), a toda velocidade e sob quaisquer meios – sem pudor de comprometer não apenas a vida de milhares de aparelhos executantes (trabalhadores), mas também o conjunto da gerações futuras. [21] Ver: Fontes, 2010, p.39

Retomando a palestra da Virgínia, ela vai dizer que: “Primeiramente eu quero me solidarizar com todas as companheiras que vieram antes e que criticaram o uso pejorativo e desqualificador da categoria de identidade para reduzir esse conjunto de lutas. Qualquer luta, qualquer forma organizativa, passa, necessariamente, pela construção de identidade, de uma problemática comum. A questão da identidade não é nada essencial a esse ou aquele movimento, mas é uma condição fundamental de organização, de continuidade, dessas lutas”.

Esse é, pois, um ponto crucial para entendermos o feminismo. A intelectualidade conservadora tem uma incompreensão gigantesca deste problema. Não é raro vermos conservadores fazerem memes ou piadas sobre transexuais falando de feminismo, feministas falando do movimento transexual, etc. Vamos, então, trabalhar esses dois conceitos: identidade e problemática comum. Para o primeiro, poderíamos usar o Erich Fromm ou Jürgen Habermas, ambos membros do Instituto de Pesquisas Sociais ( Escola de Frankfurt). Porém, como o nosso assunto é feminismo, achamos por bem ir a uma autora feminista que influencia a própria Virgínia – e que, por sua vez, sofreu a influencia do Habermas. Estamos falando da marxiana feminista Nancy Fraser. A autora vai teorizar sobre o “reconhecimento” e a “identidade”.

Para Fraser, o “não-reconhecimento” consiste quando a cultura dominante deprecia a ação de tal identidade – causando dano à subjetividade dos membros do grupo. Assim, reivindicar reconhecimento é reparar esse dano. A fim de promover isso, os membros do grupo devem se unir para “remodelar a sua identidade coletiva” – criando a ação de uma cultura própria, auto-afirmativa. Esse “não-reconhecimento” causa um risco na medida em que pode substituir a mudança social por “formas intrusas de engenharia da consciência” – fazendo com que eles se conformem à cultura do grupo, submetendo, assim, os membros individuais a uma pressão moral.

O resultado disso é que a ação singular de uma identidade de grupo – drasticamente simplificada – impõe-se negando a complexidade das vidas dos indivíduos – a multiplicidade de suas identidades de ação, e de suas várias ações que se intercedem e se afiliam. Essa ação singular passa a ser “modelo” de identidade, reificando ( objetificando, coisificando ) a cultura; ignorando as ações transculturais que se interagem, ele trata as culturas como “profundamente definidas, separada e não interativas, como se fosse óbvio onde uma termina e a outra começa”. Como resultante disso, “ele tende a promover o separatismo e a enclausurar os grupos”, ao invés de fomentar, entre estes, a interatividade, o interatuar, de suas ações.

Para a Fraser, o que exige reconhecimento não é a identidade específica de um grupo, mas sim que os membros do grupo sejam “parceiros integrais” no inter-relacionar de suas ações sociais. Ela vai chamar isso de “modelo de status”, que visa superar a ação a qual o sujeito está subordinado. Essa ação que subordina é um “padrão institucionalizado” de valorar uma ação cultural – constituindo “inferiores”, “excluídos”, “invisíveis”, e atores sociais “normativos”, tais como: “heterossexuais”, “famílias chefiadas por homens”, etc. [22] Ver: Fraser, “Reconhecimento sem Ética?”, p.6-10

Pois bem, explicado o conceito de “identidade”, passemos agora para a “problemática comum”. Para esse conceito, poderíamos usar a obra do marxiano Christian Laval. Porém, como o tema do nosso artigo é “por que o feminismo precisa ser marxista?”, nada melhor do que recorrermos ao próprio Marx. Em seu livro “A ideologia Alemã”, Marx vai fazer um exame histórico da vida comum – desde a Idade Média até a fase industrial. Para ele, a divisão do trabalho gera uma “comunidade aparente”.

A ação da classe dominante associa, e relaciona, todas as ações sociais dos indivíduos; assim, essa ação passa a ser autonomizada, independente do individual social. É assim que Marx vai falar da “comunidade real”, onde os indivíduos obtêm, simultaneamente, a sua liberdade na ação em que associam, assim como por meio de sua ação associada.

Ele diz ainda que os indivíduos “partiram sempre de si mesmos”, mas de “si mesmos” no interior de ações históricas dadas, as quais se condicionam e se relacionam. Para Marx, no “decorrer do desenvolvimento histórico”, devido a ação da classe dominante ter se tornado autônoma das ações sociais relacionadas, surge uma ação que divide a vida de cada indivíduo – na medida em que “há uma diferença entre sua a sua vida pessoal e a sua vida subsumida” ( integrada, concebida no conjunto) a um ramo qualquer de trabalho – e as ações correspondentes que o condicionam. [23] Ver: Marx, Boitempo, 2007, p.64-65

É assim que Marx vai colocar o comunismo como a “comunidade real” – distinta de “todos os movimentos anteriores”. Esse comunismo revoluciona os fundamentos de toda a ação executante precedente – a qual relacionava, e intercambiava, as ações sociais. Ele faz isso porque “aborda conscientemente” as ações existentes como uma ação anteriormente criada pelos homens – despojando-as de todos os seus “pressupostos naturais”, o seu “caráter natural”, e submetendo-as ao poder dos indivíduos associados. “O existente que o comunismo cria é precisamente a base real para tornar impossível tudo o que existe independentemente dos indivíduos, na medida em que o existente nada mais é do que um produto do intercâmbio anterior dos próprios indivíduos”. [24] Marx, Boitempo, 2007, p.67

Pois bem, voltando à palestra da Virgínia, ela dirá que: “Não se trata apenas de uma defesa da natureza, do ambiente, mas de um novo sociometabolismo, uma superação da fratura sociometabólica do capital. As lutas dos indígenas pela conservação das experiências, práticas, conhecimentos e saberes das populações originárias, as lutas anti-racistas, e as lutas das mulheres, são lutas que integram completamente o rol das lutas de classe”. Aqui é preciso fazer, mais uma vez, uma pausa. A questão da luta de classes é totalmente mal compreendida pela intelectualidade conservadora. A luta de classes não é algo binário – fla x flu. Voltemos, assim, a Marx para explicar esse conceito.

Ele dirá que a ação a qual integra, subsume, os indivíduos a determinadas classes, não pode ser “superada antes que se forme uma classe que já não tenha nenhum interesse particular de classe a impor a classe dominante”. Para Marx, a ação de dividir o trabalho é uma ação que transforma as ações pessoais – as quais se relacionam – em ações reificadas (coisificadas). Esta só pode ser “superada” se os indivíduos voltarem a subsumirem, integrarem, essas ações (reificadas) a si mesmos – superando a ação de dividir o trabalho. “É somente na comunidade [com outros que cada ] indivíduo tem os meios de desenvolver suas faculdades em todos os sentidos; somente na comunidade, portanto, a liberdade pessoal torna-se possível”. [25] Op.cit

Por isso, a Virginia dirá: “Se é verdade que todas essas lutas não resultam numa equivalência imediata, de todas essas reivindicações, todas elas – e cada uma delas – ativam um enfrentamento real ao capital. Cada reivindicação setorial, particular, precisam enfrentar o capital, uma vez que são lutas por igualdade – e, portanto, precisam enfrentar o modo de produção, de desigualdade, que o capitalismo constitui de maneira intensificada”. Ela ainda lembra que: “Igualdade não é homogeneidade. Somente na igualdade a diferença pode existir e se expressar de maneira clara. Numa sociedade onde a desigualdade significa hierarquia, não há diferenças”.

Segundo Virgínia, existe uma “complexa malha religiosa” a qual executa uma ação nas massas trabalhadoras para aceitarem uma ação passiva – uma passividade de ação: “Essas Igrejas diretamente amparadas pela burguesia brasileira, essa malha religiosa, é uma operadora de venda de salvação. Essa malha religiosa – de evangélicos e católicos – tem a mercantilização, a venda, da salvação”. A Virgínia lembra, então, das entidades empresariais filantrópicas. Esse é um ponto bem interessante, visto que toda a intelectualidade conservadora toma o grande capital, as entidades megacapitalistas (globalistas), como “esquerda”. A Virgínia deixará bem claro como a intelectualidade marxiana vê o financiamento de movimentos feministas por megacapitais. [26] Feministas as quais, por sinal, nada tem de “liberais”, como alguns propagam.  

Para ela, as entidades empresariais se “propõem a serem uma domesticação das lutas”. Entre estas estaria a Luiza Trajano, dona da MagaLu, e que, segundo a Virgínia, “aproveita-se da necessidade brutal das mulheres de conseguirem acesso ao mercado de trabalho ou a alguma forma de renda”. Assim, a Virgínia ressalta: “ela [Luiza] provoca miséria de um lado, e, de outro, oferece bolsas”. Mais à frente, a Virgínia dirá: “A condição do feminismo é a luta pela igualdade. Para o marxismo, o feminismo não pode ser um apêndice; para o marxismo, hoje, a análise das classes precisa alcançar plenamente a configuração real dessas classes, das lutas. É só a confluência dessas lutas que permitirá que a gente enfrente o conjunto da ordem do capital, e forme uma outra ordem”.

Ela vai, assim, explicar o que seria essa “luta”: “A luta feminista e marxista é a luta pela igualdade da humanidade. Não haverá igualdade feminina se houver desigualdade masculina. Portanto, essa luta não é para exigir que todas as feministas se convertam em marxistas, mas para que a luta delas se potencialize. A grande descoberta de Marx é a luta de classes como processo histórico. Numa sociedade capitalista em expansão, isso significa dizer que o conjunto de opressões e lutas também se expande”.

Pois bem, explicado isto, a Virgínia retomará o conceito de “expropriação”: “A potência da expropriação é algo muito importante. A mamadeira que nós estamos dando para os nossos bebês a gente não sabe o que contém, e isso deriva diretamente da expropriação das águas. O próximo [passo] é a expropriação da composição biológica do corpo humano, e do ar. Essa expropriação é uma acumulação ampliada que reproduz um processo de sujeitar seres sociais à venda da força de trabalho, mesmo sem contrato ou remuneração”.

Como dissemos acima, temos de explicar esse conceito. Para a Virgínia, a expropriação é o lado oculto de uma ação que se concentra. A ação do capital se concentra – sob a forma monetária de juros -, e impulsiona, de maneira variada e perversa, o expropriar das ações sociais. “Marx jamais perde de vista os múltiplos níveis da realidade social, associando-os e expondo os nervos centrais, determinantes, do processo histórico sob o capitalismo”. [27] Fontes, 2010, p.39-40  

Virgínia salienta que a crítica central de Marx incide em “enfatizar a dimensão fetichista” a qual substitui as ações humanas – que se relacionam – para ações relacionadas por coisas. Em sua visão, isso começa quando a ação do capital se coisifica ou se acumula. Essas “ações capitalistas” – as quais se relacionam – dependem das ações sociais que se condicionam. Estas são cunhadas, e coisificadas, pelo fetiche; o aparelho social passa a não mais ser condicionado pelas ações de seus membros, mas sim através de coisas. Assim, ela dirá que é “importantíssimo demonstrar o fetiche”, porque, ao fazê-lo, emergem as ações sociais humanas que se relacionam – e sustentam todo o processo do aparelho social. [28] Ver: Fontes, 2010, p.40

Segundo ela, Marx “reitera inúmeras vezes o eixo de sua análise: compreender histórica e logicamente o capitalismo exige não perder jamais de vista a base da vida real”-  o conjunto das ações existentes que asseguram o re-executar de sua ação. Assim, as ações sociais dominantes vão se relacionando, de forma a enraizarem, e embebedarem, todas as ações do aparelho social executante – as cores da vida social, o “solo concreto”. Virgínia ainda vai dizer que: “Nos dias atuais, o termo capital parece óbvio ao senso comum como sinônimo imediato de dinheiro. Refere-se, entretanto, a um dinheiro especial que se transforma em algo que produz mais dinheiro, ou seja, capitalDinheiro, de maneira imediata, não é capital”. [29] Fontes, 2010, p.41

Para ela, a ação do dinheiro, convertida em capital, torna-se incompreensível se a análise for limitada a ação de explorar a ação do trabalhador, ou a “um momento econômico direto”. O capital envolve toda a vida social numa complexa ação que se relaciona. Esta repousa sobre a ação do aparelho executante a qual é expropriada, e subordinada, à ação mercantil – que torna-se caótica e generalizada.

Chegamos, então, ao conceito de expropriação. A ação do capital valorizada, valorada, obscurece a vida social, e envolve toda a existência social; a ação do capital subordina, e transforma, todo o conjunto da existência social. Assim, o aparelho executante vai sendo expropriado, e separado, das ações que condicionam o aparelho social. O capital subordina, define, circunscreve, qual é a ação propriamente humana, alterando incessantemente o seu exercício – modificando as suas características em prol de acumular, e ampliar, a sua ação. [30] Ver: Fontes, 2010, p.42-43

Isto posto, a Virgínia vai introduzir o conceito de “trabalho realizado não-pago”: “As políticas de microcrédito do Banco Mundial, que foram direcionadas a mulheres, foram uma modalidade de expropriação massiva. Isso não significa que se tenha cessado a necessidade de trabalho reprodutivo não-pago, mas que elas precisariam, agora, passar a fazer, também, venda de força de trabalho para além do trabalho reprodutivo não-pago”. Esse trabalho reprodutivo não-pago é a ação do capital monetário – juros – que vai convertendo o capital funcionante a executar a ação de extrair mais-valor. O crédito é concedido confiando que a pessoa agirá como capitalista; ao receber o crédito, ele é condicionado à ação de ser capitalista em potencial.

Chegando a parte final de sua palestra, a Virgínia vai trabalhar o conceito de hegemonia  em Gramsci: “O conceito de hegemonia do Gramsci é tanto a forma pela qual a fração dominante organizam os processos de dominação, como é a forma pela qual os subalternos, as classes dominadas, organizam-se para fazer frente aos inúmeros ataques que essa dominação envolve. Esses ataques são de todas as ordens, desde a subsistência da população, ataques com relação a  sua capacidade organizativa – a sua potência reflexiva de organizar as próprias lutas. Essas lutas promovem a formação de intelectuais – não porque fazem teorias, pensam ou escrevem, mas porque organizam lutas”.

Segundo ela, “houve um ataque ideológico-intelectual das classes dominantes, castrando a possibilidade das lutas trabalhadoras”. Assim, a hegemonia é: “o quanto essas lutas, concretamente, superam, e enfrentam, as limitações que estão postas; é como elas conseguem se conecta; não é simplesmente estar em todas sob uma única direção, mas a capacidade desse conjunto de superar, derrubar, as barreiras que os bloqueiam – e caminhar na mesma direção, ainda que não necessariamente de maneira idêntica“.

Por fim, a Virgínia diz: “Essa concepção de hegemonia é tão poderosa que ela é apavorante para a extrema direita, que, por uma lado, procura copiar – porque se você pegar o Olavo de Carvalho, ele é uma falsificação proposital da hegemonia Gramsciana, porque o Gramsci nunca limitou essa luta ao âmbito cultural. Essa luta é a luta pela transformação do conjunto da existência, que é também cultural. Não há transformação do conjunto da existência sem que ela passe pela arma da crítica e a crítica das armas”.

Sobre a afirmação do Professor Olavo ser uma “falsificação”, podemos obstar que a Virgínia nunca falou isso enquanto Professor era vivo – afinal: debater com o maior Filósofo do século XXI não deve ser tarefa fácil. Basta consultar o “Cadernos do cárcere, volume 2, Civilização Brasileira; 8ª edição”, sobretudo no que diz respeito ao jornalismo, para corroborar todas as investigações feitas pelo Professor Olavo. Já explicamos [31] https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-o-problema-da-intelectualidade-conservadora-parte-v/ o porquê o Professor não conseguiu ver a experiência marxiana no Todo, deixando para os seus alunos a tarefa da pesquisa interna desta experiência.

Quanto a questão da relação entre “feminismo e marxismo”, achamos que o leitor já pode ter um bom entendimento de como o feminismo nada tem de liberal, ou neo-progressista, mas é um método de luta para transformar – através da Ontologia Marxiana –  o conjunto da ordem existente. 

 

 

 

References

References
1 Disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-parte-ii/
2 Marx, 2011, p.128-129
3 Dicionário gramsciano/organização Guido Liguori, Pasquale Voza, 1.ed, Boitempo, 2017, p.1062
4 Marx, Boitempo, 2018, p.58-59
5  Dicionário gramsciano/organização Guido Liguori, Pasquale Voza, 1.ed, Boitempo, 2017, p.1058
6 Informações disponíveis em: https://www.escavador.com/sobre/3770141/virginia-maria-gomes-de-mattos-fontes
7 Ver: https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-o-problema-da-intelectualidade-conservadora-parte-v/
8 Ler o Capital, 1980, p.30
9 Ver páginas 36-38 do livro “Ler o Capital”.
10  Fontes, 2010, p.21
11 Ver: Fontes, 2010, p. 22
12 Ver: Fontes, 2010, p. 23-26
13 Ver Marx, 2008, p.40-41
14 Marx, 2008, 46-47
15 Marx, 2008, p.51
16 Marx, 2017, 64-70
17 Marx, 2017, p.83
18 Ver: Fontes, 2010, p.28-29
19 Ver: Fontes, 2010, p.35
20 Ver: Fontes, 2010, p.38
21 Ver: Fontes, 2010, p.39
22 Ver: Fraser, “Reconhecimento sem Ética?”, p.6-10
23 Ver: Marx, Boitempo, 2007, p.64-65
24 Marx, Boitempo, 2007, p.67
25 Op.cit
26 Feministas as quais, por sinal, nada tem de “liberais”, como alguns propagam.
27 Fontes, 2010, p.39-40
28 Ver: Fontes, 2010, p.40
29 Fontes, 2010, p.41
30 Ver: Fontes, 2010, p.42-43
31 https://jornalcidadaniapopular.com.br/uma-teoria-critica-a-importancia-de-lermos-os-marxistas-o-problema-da-intelectualidade-conservadora-parte-v/
Rodolfo Melo

Rodolfo Melo nasceu em João Pessoa – PB; é Presidente e Editor Chefe do Jornal Cidadania Popular; aluno do COF desde 2016, tendo feito também o curso “PSICOLOGÍA DE LA TEMPLANZA”, com o Psicólogo Tomista Martin Echavarría.

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