Quando eu estava no Ensino Médio, durante uma aula de redação, a professora trouxe o tema: “ A beleza é um mito?”. Depois disso, todos os alunos concordaram que a beleza era sim um mito, pois ela é relativa a cada pessoa em particular. Até aí, a relatividade da beleza, como assunto, poderia ter sido discutida; porém, a conversa tornou-se um assassinato da lógica quando todos concordaram com a fala de um aluno: “A beleza é relativa porque ela, a cada época, é outra”. Essa frase rememorou-me a uma outra – de um professor de Olavo de Carvalho -, a saber: que um ponto não tem medida, mas o conjunto deles, que forma uma reta, tem. Existe um grande problema lógico nesses dois juízos.
Na primeira, há um questionamento radical de que se, de fato, a “beleza” existe; já na segunda, há a anulação do princípio de identidade. Antes de analisarmos, de fato, este juízo – “a beleza é um mito” -, é necessário o conhecimento do que seria uma certeza em si – não que essa certeza seja detentora de todas as outras, mas sim que ela seja auto evidente por si mesma. Toda certeza precisa, necessariamente, de uma evidência – e esta necessidade, por si só, já se configura uma de alguns expoentes.
1§ Conceito de certeza, ou auto evidente ou mediante à provas
I – Evidência direta
II – Juízo evidente
III – Experiência
IV – Nexo lógico entre o juízo e a experiência
V – Transferência de veracidade
VI – Princípio de identidade
VII – Repetibilidade do ato intuitivo
VIII – Dispositivo de memória
A evidência direta é uma evidência que já é assertiva por si. Um dos meios para se descobri-la é aplicando a negação de uma possível certeza – e, se essa negação se faz verdadeira, então o objeto da análise é assertivo. Vejamos um exemplo: desconsiderando as hipóteses quantitativas que, por si mesmas, ainda são muito rasas, existe uma certeza em dizer que “estamos aqui agora”. Ainda que houvesse a dúvida, ela apenas estaria no campo do pensamento, e pensamento não configura realidade, já que realidade é o fundamento das coisas – e coisas, por sua vez, são tudo aquilo que não são pensamentos. Umas das formas de avaliarmos esse juízo é validando a afirmação : “eu não estou em SC”.