Segundo Ferreira dos Santos (1959): “Já vimos as primeiras, as que se referem à intensidade. As segundas estão nas oposições das diversas atualizações que são sucessivas, como as moções, mutações e o movimento, nos corpos. Essas atualizações são ainda de número indeterminado e quando qualitativas (intensidade) ou quando quantitativas (extensidade), têm ações recíprocas que já estudamos, quando tratamos das passagens da quantidade para a qualidade e vice-versa, da reciprocidade, etc“.
Segundo Carvalho (2009): “Quando os entes passam por mudanças, elas podem ser tanto de natureza intensiva quanto extensiva. A descrição precisa das mudanças exige a articulação dos dois pontos de vista“.
Para compreendermos bem algo, temos de entender quais as possibilidades que existem nele – tanto na sua extensividade, quanto na sua intensidade. No campo das oposições da intensidade, as atualizações que elas podem ter está relacionado diretamente com as proposições, ou seja: aquilo que permite a possibilidade do movimento do discurso.
O modo como elas podem ser atualizadas será determinado no momento em que elas são confrontadas com questão da credibilidade – do maximamente crível ao minimamente crível -, e isso possibilitará, as agora premissas, serem descritas de dois modos: explícitas ou implícitas. No caso de serem implícitas, elas são classificadas segundo a intencionalidade de as manter omitidas ou não – e existem ainda os pressupostos, que é quando o emissor toma inadvertidamente determinadas crenças e premissas.
Quanto a credibilidade, já descrevemos o seu atuar, e as gradações que ela pode possuir. Assim sendo, constatamos que o principal objetivo de todo, e qualquer, discurso produzido é provocar uma modificação no ouvinte – tanto que a aceitação mínima por parte do receptor é o que provocará o início da credibilidade, e ela somente tem o seu ápice conquistado quando existe a plena aceitação do ouvinte pela modificação proposta.
Logo, nesse instante, ocorre a convergência total entre intensidade e extensidade do Discurso. Como ápice da intensidade, temos o desejo de modificação, entendido como propósito formal do discurso; como extensidade, no momento em que um discurso é proferido, a modificação deixa de ser um propósito, para ser colocado em prática como ato – ação a ser realizada. Nesse momento, a intenção de provocar uma modificação, que antes não podia ser graduada, torna possível ao receptor decidir se vai ou não acompanhar um discurso, e o nível de aceitação que será cedido.
Temos, então, a passagem da intensidade para a extensidade em suas atualizações, onde ele deixa de ser um movimento de uma proposição a outra, para ser – por meio de um encadeamento de nexos – um trânsito do acreditado ao aceitável, pois as suas proposições são minimamente críveis, e houve a aceitação da manipulação por parte do receptor.
Assim, conforme um discurso é proferido, a intenção de uma provocação tem uma gradação, ou seja: o propósito de causar uma modificação se estabiliza, e a credibilidade ocupa uma posição de prioridade – o que fará dela a base de onde virá a definição. A consequência disso é que o emissor passa a se preocupar mais com a extensão da credibilidade que o discurso possui, do que a intenção de provocar uma modificação; apesar disso, aquela não desaparece, já que, para que um discurso tenha credibilidade, é preciso que haja necessariamente a intenção de que ele tenha credibilidade.
6) Campo das oposições do sujeito: Razão e Intuição