O mínimo sobre Ronald Robson e os “subletrados” da mera tradição revolucionária

  • Rodolfo Melo
  • 11 abr 2024

Nos dizeres do sociólogo Raymundo Faoro: “A ideologia da direita é construída – um dos dados é esse – combatendo os líderes do outro campo, não no plano ideológico, mas pessoal. “Esse homem está sofrendo do coração; este homem está velho; esse homem é ignorante”” (Faoro, 2008, p.62). [1] FAORO, Raymundo. A democracia traída: entrevistas. São Paulo: Globo, 2008. Pois bem, a recente resposta de Ronald Robson ao nosso artigo (“Disputatio crítica em torno do legado filosófico de Olavo de Carvalho”) demonstra bem, para aqueles que, porventura, tinham alguma desconfiança, como as categorias sociológicas faorianas são capazes de adentrar na história sociocultural brasileira, de modo a explicitar qual a sua tipologia fenomenológica (como, aliás, já ensinava Olavo de Carvalho).

É de se frisar, por sua vez, que, em sua página do Instagram, o próprio editor da casa que publica as obras de Robson, descreveu, de modo assertivo, o espírito anti-intelectual que ronda os debates públicos brasileiros, ao afirmar que “infelizmente, ainda existe no nosso meio um fetiche de desmerecer um trabalho inteiro com base num errinho só para mostrar o quanto você é bonzão e o Brasil está mesmo perdido intelectualmente se você não fizer nada”. Por sua vez, é salutar mencionar o fato de que o próprio processo de editoração da Vide Editorial (casa que publica as obras de Robson) aprova a publicação de catálogos que apresentam inúmeros erros de colocação de vírgulas ou mesmo lapsos de acentuações. [2]Nesse sentido, ver, por exemplo, os erros ortográficos contidos no terceiro volume da obra “Principais correntes do marxismo”, do Filósofo Leszek Kołakowski (KOLAKOWSKI, Leszek. Principais … Continue reading

 

1§ O MÍNIMO SOBRE O ENCONTRO GRAMATICAL DE ROBSON COM O “CAMPO DE DISCUSSÃO” DA “VANGUARDA CARVALHIANA”


Pode-se, pois, dizer que uma das características fenomenológicas da sociedade brasileira é praticar um “debate” sobre assuntos periféricos no intuito de evitar a focalização ou discussão sobre o objeto versado e questionado. Assim, a prática do debate brasileiro tem por tipologia a tentativa de centrar a atenção do leitor para aspectos não elementares ou seminais, de modo a ofuscar, então, a visualização e articulação do assunto que está sendo posto ou apresentado. Dessa forma, tendo em vista que Robson se mostrou tão afeito ao formato de escrita do “selo mínimo”, este artigo pretende se espelhar na quantidade de páginas que seus títulos contém. Isto posto, ao iniciar a sua resposta, Robson faz questão de acentuar e ironizar um erro de digitação cometido no uso adverbial de lugar (“em cima” ao invés de “acima”). Ressalte-se que, conforme o gramático Napoleão Mendes de Almeida, o qual Robson deve conhecer, o advérbio de lugar “acima” diz respeito a circunstância, posição ou parte superior e mais elevada “quanto a ideia que encerra”. [3] Ver: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1961, p. 276-278.

Por isso, ao dizer que “[Ronald] lança um curso não em cima da obra que ele mesmo produziu, mas sim em cima de uma “introdução” (no sentido banal do termo) à filosofia do Olavo”, quer se afirmar que o seu curso foi lançado não enquanto a circunstância mais elevada ou a parte superior da obra produzida. Pois bem, feito a devida redução [4]“Em seu sentido mais genérico, redução consiste na eliminação de tudo aquilo que, pelo seu carácter acessório e secundário, perturba o esforço de compreensão e a obtenção do essencial … Continue reading na evasiva argumentativa de Robson, faz-se necessário esclarecer qual a proposta deste Jornal, a qual está devidamente descrita no seu itinerário de fundação. [5]Ver: MEDEIROS, Rodolfo Melo de. Jornal cultural: o que é e o que queremos?. Jornal Cidadania Popular, João Pessoa, 01 Dez. 2021. Disponível em: … Continue reading Assim como Olavo de Carvalho tomava o Facebook como um instrumento de notas para trabalho (Carvalho, 2021, p.19) [6] CARVALHO, Olavo de. Diário – v.1 [recurso eletrônico]. Campinas: Vide Editorial, 2021. , isto é, linhas de impressões que se esboçam rodeando pontos do objeto, desde diversos ângulos e perspectivas, até descrevê-lo numa visão mais central e abrangente, este Jornal propõe artigos que não são trabalhos fechados, plenamente encerrados e revisados, mas sim esboços de pesquisas que se formam e corrigem em sua própria produção.

Como lembra o marxiano José Paulo Netto, a tarefa do pesquisador é se “enriquecer de massa crítica suficiente para dar conta da riqueza material do objeto” (Netto, 2021). [7] NETTO, José Paulo. Método em Marx: da filosofia crítica à crítica da filosofia política. São Paulo: USP, 25 Fev. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gzPWkqp8z3Q&t=5804s. Ainda segundo Netto, a pesquisa é uma “etapa de formação do pesquisador”, a qual é um “processo de pesquisa contínua” (Netto, 2016). [8] NETTO, José Paulo. Introdução ao método de Marx. Brasília: UNB, 19 Abr. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2WndNoqRiq8&t=2s. Por isso mesmo, o projeto do Jornal Cidadania sempre buscou assinalar a existência de dois elementos problemáticos nos meios de debate,  a saber: a) a impossibilidade das plataformas-informacionais constituírem, devido a sua falta de rigor intelectual e metodológico, um ambiente capaz de levantar uma série de discussões centradas na formação de pesquisas [9]Acentue-se que Carvalho, embora compreendesse o Facebook como um “diário”, pelo qual os acontecimentos histórico-biográficos eram narrados, já havia antevisto como a rede social obstaculiza … Continue reading, e b) a restritividade excessiva de selos editoriais e revistas acadêmicas, onde a pesquisa, uma vez realizada, é tratada como finalizada.

Consequentemente, os artigos do Jornal Cidadania não tem a mesma estrutura de uma publicação acabada e pronta (como, por exemplo, a de um livro ou de publicações do sistema DOI ou ISSN), tendo em vista que são, antes de mais nada, etapas de testes descritivos, desde diversos ângulos e perspectivas metodológicas, delineadas no intuito de formarem uma visão mais central de análise e explicação das questões. Decorrente disso, é de se pressupor que as pesquisas deste Jornal não visam criar um estilo literário ou revitalizar a língua portuguesa, uma vez que elas objetivam estabelecer um material de análise próprio e apropriado para discutir e debater questões (o que significa, portanto, que podem incorrer em erros ortográficos, gramaticais ou mesmo descritivos-analíticos). Dessa forma, os equívocos, ao invés de causarem “tremor à língua portuguesa”, como Robson descreve, fazem parte da etapa de formação dos rascunhos compreensivos, os quais se maturam no próprio enriquecimento abrangente de explicação. Ainda no início de sua resposta, Robson faz a acusação de que o artigo “Disputatio” teria comentado o seu livro sem o ler, uma vez que não seria possível ou concebível um trabalho que criticasse radicalmente a lógica da plataforma de produtos, isto é, a comunicação horizontal dos intelectuais com a massa. [10]Segundo Rodrigo Nunes, a horizontalidade está atrelada ao paradigma organizacional da rede, ou seja, a “aplicação da democracia direta e a criação anti-hierárquica” como método de … Continue reading

Vejamos, então, como o próprio Robson introduz sua obra. Salientando que o livro não é uma “visão diminuta” do Conhecimento por presença, Robson alega que o trabalho do “mínimo” tem “poucos pontos de contato” com a sua primeira e principal obra, além de seguir “outro trajeto interpretativo”, na medida em que, “para não repelir o novato com menor treino filosófico”, teve de “escolher o que apontar ao leitor como indispensável ao espírito da obra de Olavo” (Robson, 2023, p.10). Segundo Robson, a obra tem a pretensão de “apenas expor um pouco da filosofia de Olavo, sem o intuito de fazê-la avançar”, como havia feito antes (Robson, 2023, p.10). [11] Ver: ROBSON, Ronald. O mínimo sobre Olavo de Carvalho [recurso eletrônico]. Campinas: O Mínimo, 2023. Pois bem, vejamos qual foi a questão crítica (no que se refere a Robson) que o artigo deste Jornal analisou: “[Ronald] publica, como já mencionado, uma pesquisa que tem mais de 500 páginas, mas não dá continuidade aos seus campos de discussão, organizando novos temas, avançando a obra carvalhiana”, e isso significa, então, que ele “publica uma obra, com mais de 500 páginas, puxando uma linha de pesquisa carvalhiana, ordenando uma Filosofia totalmente confusa, mas, ao invés de trabalhá-la enquanto desenvolvimento de uma pesquisa para formar pesquisadores (dentro do espectro carvalhiano), desce, via produtos, a sua produção para a massa, para a pessoa que nunca entendeu Olavo de Carvalho”.

Ainda na obra “mínimo”, Robson dedica todo o primeiro capítulo a um estudo biográfico do “fundo esotérico de seus primeiros escritos” (Robson, 2023, p.13), enquanto  dispõe o segundo capítulo para pontuar a “entrada de Olavo no debate público brasileiro”, desde “A nova era”, “O jardim das aflições”, “O imbecil coletivo”, o surgimento do Curso Online de Filosofia (COF), até assinalar “muito de passagem alguns fatos relativos a uma época mais recente da vida do filósofo e, por isso, de conhecimento geral” (Robson, 2023, p.30). Fechando, pois, a divisão de capítulos, Robson ocupa-se de sintetizar pontos que não somente já haviam sido trabalhados (de modo aprimorado) em sua obra pregressa, como também já haviam sido classificados e apresentados (nas diversas apostilas e aulas com leituras comentadas) por Carvalho (como, por exemplo, a perspectiva rotatória, a luz e intuição, a presença, etc). Ora, é fácil perceber que, ao dizer que Robson não aprofunda “qualquer investigação de sua pesquisa pregressa (do “conhecimento por presença”)”, o artigo deste Jornal analisou criticamente a sua obra, desde sua própria proposta.

Pois bem, Robson prossegue a sua resposta declarando “conhecer de perto” o ambiente acadêmico, para, logo em seguida, tripudiar da conjugação “carvalhiana”. Ora, é salutar o fato de Robson, por mero ranço estético, desprezar e desconhecer o rigor e padrão terminológico que a própria tradição acadêmica mundial consagrou para conjugar uma corrente filosófica, cultural ou sociohistórica. Basta lembrar ao leitor que, por exemplo, os estudiosos do sociólogo Maximilian Karl Emil Weber são denominados weberianos, assim como os estudiosos do Filósofos Louis Lavelle, Michel Foucault, Eric Voegelin, Miguel Reale, ou mesmo Jean-Paul Charles Aymard Sartre, são denominados, respectivamente, lavellianos, foucaultianos, realianos, voegelianos e sartrianos, enquanto aqueles que estudam os sociólogos Émile Durkheim, Zygmunt Bauman ou os psiquiatras Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, são denominados durkheimianos, baumanianos, freudianos e junguianos, respectivamente. Dessa forma, conjuga-se o sobrenome do autor, admitindo-se, em alguns casos, a conjugação do nome do meio (o que significa, portanto, que os estudiosos de Olavo Pimentel de Carvalho seriam denominados carvalhianos ou pimentelianos, mas jamais olavianos).

Mais à frente, Robson, demonstrando o quanto leva a sério um debate intelectual, tenta, novamente, desviar a atenção do leitor (retirando, pois, o objeto que foi posto em questão) para a chacota das seguintes expressões: “introduzir Olavo para o público”, “dar continuidade aos campos” e “avançar a obra”. Destarte, como o próprio Robson fez menção a obra de Houaiss, vamos partir, então, de sua explicação para aclarar a terminologia (a qual Robson faz questão de, por meio de artifícios irônicos, ocultar). De acordo com Houaiss, introduzir é, desde o sentido divulgar, “difundir, espalhar, popularizar ou propagar” (Houaiss, 2008, p.487) [12] HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss: sinônimos e antônimos. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. , de modo que “introduzir Olavo para o público” é, pois, difundir, popularizar, espalhar ou propagar Olavo para o público. Ainda segundo Houaiss, falar de um campo é, desde o sentido area, falar de “âmbito, esfera ou setor” (Houaiss, 2008, p.81 e p.150), e isso significa que “dar continuidade aos campos de discussão” é, portanto, dar continuidade ao âmbito, esfera ou setor de discussão. [13]Ressalte-se que Robson parece desejar corrigir gramaticalmente e estilisticamente Carvalho,  tendo em vista que ele também fazia, em suas aulas, uso da expressão “campo”: “Ela simplesmente … Continue reading

Por fim, como destaca Houaiss, avançar, no sentido de estender, melhorar ou prosseguir, é “alastrar, expandir, desenvolver, evoluir, progredir ou continuar” (Houaiss, 2008, p.108), e, por sua vez, falar em “avançar a obra” é dizer que se deve alastrá-la, expandi-la, desenvolvê-la, evoluí-la, a progredir ou continuá-la. [14]Vale enfatizar que o próprio Carvalho, em seus primeiros cursos, já afirmava que “aqui [no Brasil] ninguém prossegue o trabalho de ninguém”. (CARVALHO, Olavo de. Curso de Astrocaracterologia. … Continue reading Outro ponto curioso da resposta de Robson é quando ele menciona que, em tamanho normal, sua obra “O mínimo sobre Olavo de Carvalho” teria “algo próximo a 50 páginas”. Pois bem, em versão eletrônica, essa obra contém 60 páginas, sendo que das oito páginas do capítulo 1, quatro delas apresentam destaques em negrito, com texto no formato de subtítulo, o qual ocupa, em média, o espaço de dois parágrafos, enquanto no capítulo 2, seis das dez páginas apresentam tal formatação; por fim, metade das quatorze páginas do capítulo 3, e quatro das setes páginas do capítulo final (denominado “Elegia”) apresentam o formato de subtítulo. Sendo assim, é inverídica a afirmação de que a obra “O mínimo”, em formato 14×21, conteria 50 páginas, e não (como mencionado no artigo “disputatio”) 30 páginas.

Isto posto, Robson, ao mencionar que a expressão “teria feito o próprio Olavo rolar de rir”, uma vez que é “diametralmente oposto” ao seu “espírito e letra”, acredita que os alunos de Carvalho não devem formar uma vanguarda carvalhiana (que, conforme Houaiss, significa frente ou dianteira, isto é, formar uma frente ou dianteira de pesquisadores da filosofia de Olavo de Carvalho), mas sim replicar os seus jeitos e estilos. Ora, é importante destacar que Robson parece desconhecer que, para Carvalho, “um estilo literário” é uma “obra de escolha” (Carvalho, 2012, aula 174) [15] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 06 Out. 2012, aula 174. , como, por exemplo, a escolha da “linguagem literária e popular de Ortega y Gasset”, que, ao “perceber que a atividade filosófica na Espanha tinha morrido”, pretendia “capacitar um público sem formação filosófica” (Carvalho, 2015, aula 313). [16] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 24 Out. 2015, aula 313.

Ainda conforme Carvalho, essa escolha não é significativa para aqueles que não tentam “ter a expressividade de um escritor”, isto é, para o sujeito que busca “escrever em uma linguagem técnica para um grupo de profissionais que o reconhecem pelos termos técnicos”, posto que a sua preocupação é escrever “para um público que são seus colegas de profissão nas ciências sociais ou filosofia”, de modo que ele “não precisa ter esse talento, e não adianta forçar” (Carvalho, 2015, aula 313). Decorrente disso, Robson acerta ao dizer que os artigos deste Jornal seriam diametralmente opostos a letra de Carvalho, tendo em vista que não objetivam “fazer do mestre um símbolo de ordem”, no sentido de “macaquear e imitar o mestre em coisa que não precisa”, ou seja, “o tom dele falar” ou as suas “piadas” (Carvalho, 2009, aula 03). [17] CARVALHO, Olavo de. Curso conceitos fundamentais de psicologia. 16 Set. 2009, aula 03.

Portanto, como Carvalho assinalava, “um sujeito que está tentando expor uma teoria, mas que não é um escritor, só fala para aqueles que estão habilitados a entendê-lo”, uma vez que, assim “como um engenheiro explicando os seus cálculos para outro engenheiro, ele “fala para um círculo fechado, para alguém que já conhece a linguagem”, de tal forma que “não precisa ser muito expressivo”, porque está “escrevendo de maneira que os seus colegas entenderão, mas o público em geral não” (Carvalho, 2015, aula 01).  [18] CARVALHO, Olavo de. Curso a formação da personalidade. 18 Maio. 2015, aula 01. Sendo assim, quando Robson alega que “as tias do zap, tendo por documentação nada mais que vídeos de youtube”, teriam compreendido Carvalho melhor do que este Jornal, demonstra desconhecer o fato de que, ao comentar a obra do Filósofo Mário Ferreira dos Santos, ele pontuava que é “normal”, para aquele que “não tem talento de divulgação filosófica”, usar uma “escrita complicada”, já que ele direciona o seu vocabulário “para um público de estudiosos” (Carvalho, 2021, aula 02). [19] CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 02.

 

2§ A PROPOSTA PEDAGÓGICA-CULTURAL DE OLAVO DE CARVALHO


Por conseguinte, a peculiaridade da resposta de Robson está no fato de compreender a proposta pedagógica-cultural de Carvalho pelas lições finais proferidas no Curso Online de Filosofia (COF), no sentido de um “pensamento” que, devido ao seu espírito e letra, deve se tornar um “opúsculo um pouco mais benevolente e acessível para com o leitor pouco iniciado em filosofia” (visão que parece ir de encontro às aulas em que Carvalho dizia que “queria formar inteligências”, de modo que todo e qualquer um poderia ser seu aluno e estudá-lo). Ora, as lições de Carvalho se constituem de níveis hierárquicos de discurso (poético, retórico, dialético e lógico), os quais se dosam conforme o objeto que a potência única de sua prática filosófica tem por fim, ou seja, são níveis que estão tentando, desde mil e um pontos de discurso, traçar o objeto (sondando circularmente os seus princípios fundantes).

Por isso, para compreender o acontecimento mais próximo da particularidade cotidiana, a dosagem analogante e circular dos princípios fundantes se complexiona (uma analogia que leva a outra, que leva a outra, e outra, até chegar aos fundamentos), uma vez que o nível de discurso de Carvalho tem de permitir que a situação se aproxime para poder, então, descrever as suas sutilezas, diferenças e pontos de força atuantes. Sendo assim, na medida em que o princípio fundante não está evidente na questão (a qual o reflete de modo deficiente), para que ele possa ir de encontro a situação, Carvalho dosa circunferencialmente a linguagem por analogias e analogias de discursos. Nesse sentido, para examinar conscientemente a abrangência e integralidade das tensões e complementaridades que a própria situação apresenta, ele rodeia, desde variados traços de linguagem, o objeto numa tentativa de articular os seus fundamentos (dosando, pois, o exame dessa unidade fundamental pela analogia do nível de discurso que a própria questão, na sua inteireza, comporta).

Em vista disso, Carvalho entendia que era necessário modular a linguagem “conforme o ouvinte que se quer atingir”, de forma que “a consciência que você tem de qual é o público é o que vai modular a sua escrita”, uma vez que esse público “é variável” (Carvalho, 2012, aula 174). [20]“Se você acompanha os meus artigos no Diário do Comércio, você vai ver que alguns artigos eu escrevo para todo mundo e outros eu estou escrevendo só para os meus alunos. Neste caso, eu não … Continue reading Dessa forma, ele dosava os discursos na tentativa de “observar a vida nacional de todos os dias”, de modo a “criar uma linguagem” que permitisse, “no mesmo ato”, descrever as linhas de força dos acontecimentos, trazendo “as pessoas a consciência de si” (Carvalho, 2016, aula 338). [21] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Maio. 2016, aula 338. Consequentemente, é impossível acompanhar as nuances de sentido e significado presentes nas lições de Carvalho (desde seus contextos, investigações e metodologias) sem compreender a estrutura de arco cíclico-reflexo do COF, no qual as aulas têm uma dinâmica constante, a qual, por sua vez, modifica-se num certo processo ou fluxo de tempo também constante. Por isso, nas aulas do COF, ele tenta examinar, elaborando conscientemente, a sua própria vivência perante e diante uma questão presente.

Assim, Carvalho, ao longo das aulas, tendo em vista que são a experiência vivida pela qual o filósofo apreende o objeto que a própria realidade suscita e apresenta diante dele, aborda as questões (na incidência mesma de seu acontecer), interrompe o assunto inicial proposto, volvendo (num arco cíclico) o seu exame para assuntos menos gerais, os quais, ao longo da pertinência desenvolvida e investigada, são rompidos e ramificados em diversos outros tópicos, até retornarem a sua propositura inicial. Dessa forma, existe uma série de contradições e lacunas nas suas lições, as quais são provocadas pela tentativa de articular as tensões e interrogações que permeiam a abordagem do próprio objeto (desde o desenvolvimento da questão, a regressão de certos tópicos de observação e as dificuldades evolutivas de sua descrição).

Pois bem, já que Robson lê a proposta pedagógica-cultural de Carvalho a partir das lições proferidas nos últimos anos de curso, pode-se, então, perguntar qual seria o grau de implicância dos acontecimentos cotidianos e políticos nos temas da fase final do COF. A título de exemplificação, salientar-se-á cinco períodos de aulas, sendo estes os anos de 2014, 2015, 2017, 2018 e 2020. Esse recorte de tempo foi escolhido levando em consideração o fator de ocorrência de uma eclosão de disputa sociopolítica, a qual é, então, comparada e metrificada com as aulas do ano anterior (assim, por exemplo, as manifestações pró-impeachment de Dilma implodem no ano de 2015, sendo, pois, metrificado pelo ano de 2014). Por sua vez, o ano de 2020 foi tomado como fator isolado de análise, tendo em vista que no ano anterior também eclodem acontecimentos sociopolíticos que mudam as temáticas do COF, de modo que, para fins de metrificação, o ano de 2019 foi desconsiderado. [22]Para fins de esclarecimento, considerou-se como ramificação apenas os casos em que os temas políticos ou cotidianos são os centrais e principais das aulas, desconsiderando-se, portanto, as aulas … Continue reading

Sendo assim, no de 2014, Carvalho lecionou quarenta e duas aulas (234-276), sendo quatro delas (235, 238, 244 e 250) dedicadas a ramificação sociopolítica, enquanto no período de 2015, foram lecionadas cinquenta e três aulas (277-320), sendo sete delas (278, 297, 305, 307, 308, 316 e 319) ramificadas por temas sociopolíticos. Nesse sentido, foram quarenta e cinco aulas (367-412) no ano de 2017, das quais oito (374, 375, 392, 402, 403, 404, 406 e 408) ocupam-se de questões sociopolíticas, e quarenta aulas (413-453) no ano de 2018, das quais dezoito (423, 424, 427, 430, 431, 432, 433, 438, 441, 443, 444, 445, 446, 447, 448, 449, 450 e 452) voltam-se para questões políticas e cotidianas. Em contrapartida, o ano de 2020, devido à eclosão de diversos fatores de embates políticos (como, por exemplo, atuação do STF e criação de CPMI das fake news), foi o período em que a maioria das aulas do COF foram mergulhadas em temas sociopolíticos, já que das quarenta e sete aulas (numa métrica aproximativa: 500-547), vite e seis delas (502, 506, 507, 508, 509, 510, 511, 512, 513, 514, 515, 516, 518, 521, 523, 524, 525, 535, 538, 539, 540, 542, 543, 544, 545, 546) receberam essa ramificação.

Por conseguinte, a presença dessas tensões e contradições na articulação das aulas pode ser verificada quando, por exemplo, Carvalho afirma que “o marxismo é um edifício intelectual altamente complexo e, no fim das contas, valioso do ponto de vista pedagógico” (Carvalho, 2018, aula 433) [23] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 28 Jul. 2018, aula 433. , além de pontuar que “Lukács e Marx são gênios fantásticos” (Carvalho, 2019, aula 476) [24] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 22 Jun. 2019, aula 476. , na medida em que “dominam a ciência do processo histórico” (Carvalho, 2020, aula 511) [25] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 511. e, por isso, “muito do que está no marxismo é verdade” (Carvalho, 2020, aula 519) [26] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 519. , ao mesmo tempo em que alertava acerca da “loucura”, “imbecilidade”, “destruição” e “satanismo” (Carvalho, 2019, aula 462) [27] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 02 Mar. 2019, aula 462. contido nas teses da Escola de Frankfurt, bem como para o fato de que a “totalidade da obra de Karl Marx é apenas uma obra de destruição” (Carvalho, 2020, aula 540). [28] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 540.

Podemos também encontrar a presença dessas tensões na crítica que Carvalho dirige ao meio acadêmico, uma vez que, em dadas ocasiões, pontuava não somente que “os assuntos que esse pessoal da universidade estuda são meros pretextos”, porque “o centro de interesse deles são eles mesmos” (Carvalho, 2021, aula 05) [29] CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 05. , como também que eles “desconhecem todos os historiadores principais” e, mesmo sem conhecer “a história de sua própria ciência”, saem da universidade “com título de historiador” (Carvalho, 2021, aula 01) [30] CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 01. , prática que, por sua vez, faria das “pessoas mais respeitadas desse meio, vigaristas, sem exceção” (Carvalho, 2021, aula 551) [31] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2021, aula 551. ; enquanto, em outras situações, exortava seus alunos para formarem “uma nova classe acadêmica”, a qual, por meio de “um volume suficiente de trabalhos científicos”, tivessem uma atuação na “esfera universitária”, de modo a “desmascarar os milhares de pretensos trabalhos científicos” que, “por exemplo”, provariam a existência do “racismo brasileiro” (Carvalho, 2021, aula 553) [32] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2021, aula 553. Em certos casos, Carvalho ainda pedia que seus alunos começassem a “trabalhar em profundidade”, ou seja, “impondo-se com trabalho científico”, tendo em vista que “o espaço que a direita brasileira conquistou no meio acadêmico é zero” (Carvalho, 2020, aula 544) [33] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 544. , salientado também que era preciso “ter gente estudando isso nas faculdades de direito, nas faculdades de ciências sociais, nas faculdades de psicologia”, porque “a nossa ignorância do processo histórico é monstruosa” (Carvalho, 2020, aula 511).

 

3§ O MÍNIMO SOBRE A LINHA DE INVESTIGAÇÃO CARVALHIANA SEGUNDO ROBSON


Por sua vez, Robson compreende que “continuar a linha de investigação carvalhiana” é sugerir temas de investigação para leitores e ouvintes, e não aquilo que Carvalho entendia como a função de seus alunos, isto é, “criar outros intelectuais como você”, através da publicação de “livros científicos, de peso intelectual”, de uma “profundidade” capaz de “mudar o  andamento do curso das coisas”, de modo a, atuando “entre os intelectuais ou, se preciso, contra os intelectuais”, criar “uma outra intelectualidade” (Carvalho, 2020, aula 547) [34] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 547. , uma vez que “não precisamos de público, e sim de intelectuais” (Carvalho, 2020, aula 546) [35] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 546.

Nesse sentido, o decréscimo de consciência de Robson parece ter atingido um patamar em que ele não percebe que o seu livro “Conhecimento por presença” está numa situação similar aquela que, ao comentar o estado de sua obra, Carvalho discorria, sendo, pois, uma “tese que não foi conferida ou corrigida”, já que não há pessoas “capacitadas para fazer uma crítica do livro”, ou seja, para pegar o que está dito na obra, “aprofundar aquilo” e “fazer o conhecimento progredir e avançar” (Carvalho, 2021, aula 578). [36] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia [Curso paralaxe cognitiva]. 2021 [2006], aula 578. Em vista disso, pode-se dizer que a máxima obra de Robson encontra-se, devido a ausência de uma “análise estrutural” das suas “linhas de força, conceitos fundamentais, ordem interna” e “exposição estrutural” (Carvalho, 2015, aula 311) [37] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Out. 2015, aula 311. , no mesmo estado daquela pontuada por Carvalho, ou seja, “inalcançável”. Para constatar a veracidade dessa afirmação basta mencionarmos o fato de que o livro de Robson, embora seja conhecido, não formou estudiosos que tivessem a capacidade de não só acompanhar o trajeto da sua investigação filosófica, os resultados obtidos e a unidade estruturante da prática filosófica de Olavo de Carvalho (como, por exemplo, o que seria e como se daria a sua metafísica, fenomenologia da consciência ou filosofia da ciência), como também de fornecer uma contribuição e aprimoramento para os fundamentos da problemática exposta, de modo que, ainda hoje, caso perguntemos a um dito aluno de Carvalho, qual seria a unidade e os eixos centrais de seu filosofar, a resposta seria uma série de jargões manualescos e protocolares.

Pois bem, no que diz respeito a continuidade da linha de pesquisa carvalhiana, é importante destacar que essa crítica refere-se a formação de estudos capazes de “criar uma intelectualidade poderosa”, a qual, por sua vez, seja capaz de “desmoralizar a intelectualidade universitária”, ocupando, com “livros que sejam lidos e respeitados”, “espaço nas livrarias” (Carvalho, 2020, aula 542) [38] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 542. , ou seja, publicar “livros científicos, de grande valor científico, e não de polêmica jornalística” (Carvalho, 2020, aula 553), posto que “não adianta ficar jogando pedra nos professores da universidade se você não ocupa o lugar deles, se você não produz trabalhos mais sérios que os deles para esses trabalhos serem usados no ensino universitário” (Carvalho, 2016, aula 324) [39] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2016, aula 324. – os quais, “dentro das universidades”, modificariam, “limpando o ambiente universitário”, “a composição da elite”, substituindo-a “por outra” (Carvalho, 2020, aula 547).

Segundo Carvalho, era necessário que o seu trabalho, para chegar a “exercer todo o efeito benéfico” que ele havia planejado, “tivesse sido continuado”, de modo a “cortar a cabeça do segundo escalação de intelectuais” que “dominavam, sem que ninguém em volta soubesse de coisa nenhuma, o ambiente universitário” (Carvalho, 2020, aula 547), além de criar uma “conversação em pequenos grupos de intelectuais” que, pela “intensidade e continuidade  do diálogo” e da “troca de ideias”, produzisse uma “massa crítica de pensamentos, ideias, percepções, até que essa massa se alastre por toda a cultura”, ao ponto de compor “uma intensidade de intercâmbio intelectual” (Carvalho, 2019, aula 04). [40] CARVALHO, Olavo de. Curso Ser e poder: princípios e métodos da ciência política. 09 Mar. 2019, aula 04.

Dessa forma,  falar em continuidade das linhas de investigação carvalhiana, é, pois, assinalar a continuidade dos “temas que tem de ser trabalhados e estudados anos a fio”, em vista de comporem, num “livro sólido”, “estudos científicos que provem o que você está dizendo e deem base para a sua argumentação” (Carvalho, 2016, aula 347) [41] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jul. 2016, aula 347. , e que, por conseguinte, “produzam uma nova geração de intelectuais”, os quais forneceriam, então, “uma visão correta do que está acontecendo”, bem como a descrição das “grandes forças que estão produzindo a história” (Carvalho, 2016, aula 05) [42] CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil: história e perspectivas. 16 Abr. 2016, aula 05. , na medida em que “tudo o que acontece na história começa em pequenos grupos de intelectuais que discutem o negócio e começam a inventar saídas e soluções” (Carvalho, 2019, aula 02) [43] CARVALHO, Olavo de. Curso Ser e poder: princípios e métodos da ciência política. 09 Mar. 2019, aula 02. – até que eles “vão, aos poucos, aumentando, por um processo de círculos concêntricos”, de maneira que “educa-se 10 para que eles eduquem 100, que eduquem 1000, e assim por diante” (Carvalho, 2015, aula 03). [44] CARVALHO, Olavo de. Curso II encontro de escritores brasileiros na Virgínia. 28 Nov. 2015, aula 03. Consequentemente, é a partir da formação desse círculo concêntrico de intelectuais que seriam levantados os rumos para uma “discussão entre pessoas que leram os mesmos livros e que tem as mesmas referências”, em que “cada palavra tem uma riqueza de significados apreendidos ao mesmo tempo”, possibilitando, pois, que se “unifique o que se aprende com o que se apreende” (Carvalho, 2016, aula 353). [45] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 03 Set. 2016, aula 353.

 

4§ O MÍNIMO SOBRE A BENEVOLÊNCIA ACESSÍVEL DE ROBSON PARA COM O NÃO INICIADO


Pois bem, ao contrário de como enxerga Robson (uma iniciativa que visa facilitar a filosofia, tornando-a mais acessível para o leitor pouco iniciado), a proposta pedagógica-cultural de Carvalho [46]Para melhor compreensão das referências epistemológicas pelas quais Carvalho conceitua uma proposta de vida intelectual, ver: MEDEIROS, Rodolfo Melo de. Os fundamentos da vida intelectual segundo … Continue reading estava alicerçada e fundamentada na ideia de “lançar as sementes” (Carvalho, 2012, aula 175) [47] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 13 Out. 2012, aula 175. que floresceriam um novo círculo (ou, como Robson parece preferir, campo) de intelectuais, os quais, levantando um horizonte de discussões, seriam capazes de abrir o panorama descritivo e analítico das situações, ou seja, de “sanear”, “a partir de cima, dos produtos da alta cultura” (Carvalho, 2012, aula 179) [48] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Nov. 2012, aula 179. , “o ambiente que se observa no panorama cultural brasileiro” (Carvalho, 2012, aula 175) – como, por exemplo, a produção de um “ramo de estudos” que, na tentativa de “entender as crenças e a psicologia da sociedade brasileira”, pudesse não somente refletir qual a “descrição real do estado de coisas” (Carvalho, 2016, aula 340) [49] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 04 Jun. 2016, aula 340. , como também exercer “influência na opinião pública”, de modo a, tornando a memória social “mais consciente”, incorporá-la “à cultura” (Carvalho, 2012, aula 175).

Por isso, a proposta cultural de Carvalho era “formar”, “através do contato pessoal de uma geração com outra” (Carvalho, 2012, aula 175), isto é, de “anos e anos de debates entre intelectuais altamente qualificados, uma nova geração de intelectuais que consigam botar um pouco de ordem na vida cultural brasileira” (Carvalho, 2015, aula 278) [50] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Jan. 2015, aula 278. , criando, assim, “as condições de um diálogo, até o ponto de “obterem, mais ou menos, um panorama do que está acontecendo” (Carvalho, 2015, aula 278). Nesse sentido, para Carvalho, os seus alunos, pelo simples fato de estarem assistindo o COF, tinham uma “responsabilidade” para com a finalidade do seu trabalho pedagógico, a saber: criarem, a partir de um “diálogo existencial, uma cultura nacional”, isto é, “um número suficiente de escritores, filósofos, cientistas, bem qualificados”, bem como “um intercâmbio existencial, uma espécie de diálogo sobre o significado da existência humana naquele momento e naquele lugar” (Carvalho, 2012, aula 172) [51] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 15 Set. 2012, aula 172. .

Em vista disso, Carvalho enfatizava que devido a inexistência de uma “intelectualidade de alto nível capaz de criar o seu próprio meio social, seu intercâmbio”, o brasileiro quer ser “compreendido por todo mundo e conviver com todo mundo”, uma vez que “em qualquer lugar do mundo, intelectuais só conversam com intelectuais, estudiosos só conversam com estudiosos” (Carvalho, 2021, aula 171) que tem “a mesma preocupação” e estudam “as mesmas coisas” (Carvalho, 2012, aula 179), as quais “a maioria não vai entender”. A proposta de Carvalho era, pois, recriar o “debate cultural no Brasil”, ou seja, “formar um círculo de estudantes que criem uma massa crítica, um diálogo comum, um intercâmbio” (Carvalho, 2010, aula 42) [52] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2010, aula 42. , o qual, “discutindo as obras”, repercutiria o que um autor “faz de interessante em qualquer área do conhecimento em todas as outras”, de modo a compartilharem “uma troca de experiências humanas” preocupadas com o significado do que é “ser brasileiro no contexto geral da história humana, como acontece, por exemplo, num grupo de psicoterapia, onde todo mundo conta a sua experiência, mas as pessoas estão interessadas na experiência do outro tanto quanto estão na sua própria” (Carvalho, 2012, aula 172).

Sendo assim, na medida em que essa “experiência da realidade vai se tornando mais densa”, faz-se necessário um “grupo de intelectuais”, ou seja, “pessoas igualmente preparadas para esse intercâmbio” (Carvalho, 2009, aula 35) [53] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 05 Dez. 2009, aula 35. , pelo qual “forme um grupo capaz de fomentar, aos poucos, a criação de uma nova camada de intelectuais no Brasil”, cuja “responsabilidade consiste eminentemente num esforço brutal de entender o que está acontecendo” (Carvalho, 2012, aula 172), assim como de alertar “qual é o leque de escolhas” que a sociedade tem pela frente. De acordo com Carvalho, era “preciso formar uma nova geração de intelectuais qualificados” que, durante “longos anos de debates”, formassem “uma massa crítica, uma consciência comum dos problemas”, até o ponto em que se tenha “algumas milhares de pessoas que entendam o mesmo diagnóstico e os mesmos termos”  (Carvalho, 2015, aula 278), tendo em vista que o “poder intelectual consiste em moldar os quadros conceptuais, simbólicos, perceptivos e de referência, dentro dos quais os outros vão necessariamente pensar e ficar” (Carvalho, 2017, aula 395). [54] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 05 Ago. 2017, aula 395.

Consequentemente, o objetivo da proposta pedagógica de Carvalho não era formar alunos para tornarem a filosofia “mais acessível”, mas sim “formar filósofos” (Carvalho, 2011, aula 97) [55] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 12 Mar. 2011, aula 97. , isto é, “pessoas capazes de interpretar o que está acontecendo” (Carvalho, 2012, aula 179), propiciarem um “diálogo” e disseminarem, canalizando ideias que sejam traduzíveis umas às outras, uma “consciência filosófica na sociedade” (Carvalho, 2016, aula 324), lançando, pois, “alguma luz sobre o destino da presente geração e das próximas” (Carvalho, 2012, aula 179). Decorrente disso, a “ambição pedagógica” de Carvalho era “formar pessoas” que conseguissem trabalhar na “aquisição de um panorama”, ao ponto de, tendo uma visão do “conjunto do processo que está em jogo” (Carvalho, 2009, aula 35), realizarem “previsões acertadas”, as quais permitiriam “saber para onde as coisas estão indo” (Carvalho, 2009, aula 35), assim como o que teria de ser feito, visto que “qualquer vida intelectual se desenvolve no diálogo com os maiores espíritos da época” (Carvalho, 2012, aula 138) [56] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Jan. 2012, aula 138. – o qual “começa e prossegue no contato pessoal, através de uma rede de contatos profissionais”, como “também através de círculos de amizades” (Carvalho, 2012, aula 138).

Ainda conforme Carvalho, “só existe diálogo entre pessoas que têm, mais ou menos, o mesmo domínio dos fatos pertinentes” (Carvalho, 2018, aula 05) [57] CARVALHO, Olavo de. Curso a guerra contra a inteligência. 09 Mar. 2018, aula 05. , ou seja, que não somente “entendam a linguagem umas das outras”, bem como “tenham, mais ou menos, o mesmo repertório de informações”, de tal forma que “não se pode discutir com um sujeito que não sabe do que você está falando”, uma vez que somente formando um “número suficiente de pessoas” (Carvalho, 2009, aula 04) [58] CARVALHO, Olavo de. Curso introdução à filosofia de Eric Voegelin. 01 Maio. 2009, aula 04. , as quais – compondo um “conjunto de pessoas que leram os mesmos livros, compreendem as mesmas palavras, tem o domínio do vocabulário, mais ou menos similar, tem acesso ao mesmo corpo de fatos, e conhecem as mesmas correntes de ideias” (Carvalho, 2015, aula 308) [59] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 19 Set. 2015, aula 308. – falem “de maneira, mais ou menos, convergente” (Carvalho, 2009, aula 04), é que seria possível levantar “uma discussão intelectual frutífera sobre qualquer assunto” (Carvalho, 2015, aula 308), de modo a “delimitar a forma mental da cultura” (Carvalho, 2009, aula 04). 

Nesse sentido, como se pode notar, a proposta pedagógica-cultural de Carvalho era “qualificar o sujeito para uma finalidade filosófica, para que sejam filósofos, e tenham uma envergadura filosófica na abordagem das coisas” (Carvalho, 2017, aula 391) [60] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 08 Jul. 2017, aula 391. , tendo em vista que “a filosofia é uma técnica” cujo “objetivo é a educação, criação e construção do filósofo” (Carvalho, 2010, aula 43) [61] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 30 Jan. 2010, aula 43. , o qual “nunca escreve livros para quem não quer ser filósofo”, no sentido de que “está falando para outros filósofos ou estudantes de filosofia” (Carvalho, 2014, aula 04). [62] CARVALHO, Olavo de. Curso como tornar-se um leitor inteligente. 01 Maio. 2014, aula 04. Sendo assim, Carvalho destacava que queria atuar na “formação de uma classe intelectual decente” (Carvalho, 2016, aula 324), a qual teria a função de “discutir as coisas, “debater de uma maneira razoável” (Carvalho, 2016, aula 324), isto é, “elevar o nível da conversa, torná-la mais substantiva, aproximá-la da realidade” (Carvalho, 2016, aula 349) [63] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 06 Ago. 2016, aula 349. , até o ponto de condensar “uma elite qualificada para enxergar e compreender a situação”  (Carvalho, 2016, aula 05) [64] CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil … Op.cit. , saneando, pois, “a atmosfera cultural brasileira”.

Por conseguinte, Carvalho afirmava, pois, que o “homem inculto”, na medida em que “não tem o domínio da linguagem para entender todas as nuances de sentido e, muito menos, a compreensão das várias situações”, “nunca vai poder julgar a linguagem de um homem culto”, posto que (Carvalho, 2017, aula 380) [65] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Abr. 2017, aula 380. “a camada intelectual é o fiel da balança”, ou seja, “aquilo que ela consegue enxergar é o que será enxergado, mais cedo ou mais tarde, em escala menor, pela população” (Carvalho, 2014, aula 244) [66] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 29 Mar. 2014, aula 244. , o que significa, pois, que “só quem tem alguma chance de perceber a realidade são as pessoas que tem outros meios de acesso ao conhecimento”, através de uma “busca ativa”, “que não são os da massa da população” (Carvalho, 2017, aula 398). [67] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 26 Ago. 2017, aula 398.

Destarte, uma vez que “quem tem as ideias na sociedade são os intelectuais” (Carvalho, 2020, aula 547), capazes de “distinguir o real do irreal” (Carvalho, 2021, aula 563), “porque não há outra fonte das ideias senão os próprios filósofos” (Carvalho, 2016, aula 332), para Carvalho, a coisa mais urgente no Brasil era “criar uma nova geração de intelectuais capacitados para, examinando questões da cultura brasileira” (Carvalho 2009, aula 04), chegarem a “conclusões, mais ou menos, convergentes”, no sentido de “formar a mente deste grupo” e torná-la “hegemônica”, ao ponto de, “espalhando-se pela sociedade”, formar “uma nova cultura superior” (Carvalho, 2009, aula 04). Por isso, Carvalho ressaltava que seus alunos deveriam se “tornar pessoas capazes de compreender situações” (Carvalho, 2018, aula 02) [68] CARVALHO, Olavo de. Curso a guerra contra a inteligência. 06 Mar. 2018, aula 02. , e que, por consequência, só faria sentido estudar a sua proposta pedagógica se a ideia do aluno fosse “a solução de problemas objetivos” (Carvalho, 2018, aula 02), ou seja, “perceber as várias realidades aqui e ali, até articulá-la numa denominação geral para o problema” (Carvalho, 2017, aula 374) [69] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 04 Mar. 2017, aula 374. , tendo em vista que a sua ambição era “abrir um leque, um campo de dificuldades a serem resolvidas, de problemas a serem esclarecidos, indicando as linhas pelas quais aquilo pode ser resolvido” (Carvalho, 2012, aula 172).

Portanto, segundo Carvalho, “a direita brasileira está atuando apenas na esfera do debate jornalístico”, posto que “dificilmente você vai encontrar um estudo em profundidade sobre o que quer que seja, um estudo meramente documental”, em que se tem, pois, “uma descrição fenomenológica do que está acontecendo” (Carvalho, 2016, aula 03). [70] CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil: história e perspectivas. 14 Abr. 2016, aula 03. Dessa forma, Carvalho assinalava que seus alunos deveriam “trabalhar, produzir e criar uma cultura” (Carvalho, 2014, aula 248), sobretudo escrevendo livros, porque “sem uma barreira de livros” não dá para “parar o inimigo”, isto é, não se tem “um número suficiente de intelectuais públicos para servir de juízes da nova produção” (Carvalho, 2016, aula 346) [71] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 16 Jul. 2016, aula 346. , os quais restaurariam, através de “obras de grande porte, teses de doutorado, obras de 500, 600 páginas” (Carvalho, 2016, aula 03), que se incorporem “no fio da história daquela ciência, no debate cultural-nacional” e “nas histórias das ideias brasileiras” (Carvalho, 2012, aula 01) [72] CARVALHO, Olavo de. Curso princípios e métodos da autoeducação. 01 Out. 2012, aula 01. , “o senso de continuidade histórica” (Carvalho, 2012, aula 138) – de modo que a vida intelectual possa discutir, enxergar-se e reconhecer-se a partir da consciência de uma continuidade no tempo, de uma experiência acumulada, dos feitos históricos realizados” (Carvalho, 2017, aula 377). [73] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 25 Mar. 2017, aula 377.

Ora, é notável que Robson compreenda que “tornar a filosofia mais acessível para o leitor” (através de produtos-informacionais pelos quais o individuo é impulsionado ao conhecimento, como o selo mínimo e os guias de estudos para condução do aluno ao COF, trabalho que, vale apontar, já havia sido feito, de maneira muito similar, por Mário Chainho) [74]Ver: CHAINHO, Mario; RODRIGUES, Juliana Camargo. Curso online de filosofia: exercícios e indicações práticas [recurso eletrônico]. [s.d]. Disponível em: … Continue reading é a sua função intelectual, uma vez que Carvalho não somente propunha que a “função da intelectualidade é criar a atmosfera da cultura e se posicionar como uma camada que pode julgar, moral e intelectualmente, tudo o que se passa na sociedade” (Carvalho, 2009, aula 34) [75] CARVALHO, Olavo de. Curso Online de filosofia. 28 Nov. 2009, aula 34. , bem como que “a filosofia, longe de ser um reflexo da sociedade, é, ela própria, um elemento criador e estruturante dentro da sociedade” (Carvalho, 2013, aula 01) [76] CARVALHO, Olavo de. Curso Sociologia da filosofia. 17 Out. 2013, aula 01. , “porque a sua avaliação da sociedade tem uma estabilidade que permite a comparação científica” ( Carvalho, 2016, aula 339) [77] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 28 Maio. 2016, aula 339. , que pode, pois, “ser medida, no seu conjunto, a partir de um exame, de uma análise crítica, das crenças gerais da comunidade” (Carvalho, 2013, aula 02) [78]  CARVALHO, Olavo de. Curso Sociologia da filosofia. 18 Out. 2013, aula 02. , a qual “reforma” (adaptando, “em termos de conceitos muito gerais, essa comunidade as outras comunidades e a condição humana geral”) “a forma concreta do horizonte de consciência daquela comunidade” (Carvalho, 2013, aula 02).

Para Carvalho, é desse conjunto de exames, de discussões, “do diálogo inter-filosófico das assembleias e debates públicos” (Carvalho, 2013, aula 222) [79] CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 22 Out. 2013, aula 222. , que surge, por círculos concêntricos, os termos e vocabulários que esclarecem o horizonte de consciência “para o leigo” (Carvalho, 2013, aula 222), de tal forma que, a partir de “um diálogo com os mais altos representantes do saber da coletividade” (Carvalho, 2013, aula 02), abarca-se, “espremendo-os com perguntas”, “o horizonte de consciência do melhores, dos sábios oficiais” (Carvalho, 2013, aula 02). Portanto, vê-se que é nesse sentido que o artigo “disputatio” alude que Robson é um “intelectual superior”, o qual teria por função trabalhar a sua obra como “um eixo central” pelo qual “uma pesquisa” é desenvolvida “para formar pesquisadores (dentro do espectro carvalhiano)”, os quais, por sua vez, teriam a função de, abarcando o repertório dos problemas, termos e discussões, verbalizar, articular ou expressar o horizonte dessa experiência para o leigo – constituindo, pois uma “contribuição” que forma “um elo numa corrente”, em que o estudioso “seguinte vai precisar de você”, como numa “sucessão ou escalada de descobertas que constituirá o patrimônio científico que será passado para a geração seguinte” (Carvalho, 2012, aula 01). [80] CARVALHO, Olavo de. Curso princípios e métodos … Op.cit.  

 

5§ O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE OS SUBLETRADOS DA MERA TRADIÇÃO REVOLUCIONÁRIA


Isto posto, para Robson, o sociólogo marxiano Ricardo Antunes e a historiadora marxiana Virgínia Fontes são “acadêmicos subletrados, cuja competência se restringe à tradição revolucionária”. Destarte, na medida em que Antunes e Virgínia configuram, a partir da continuação das pesquisas legadas pelos seus respectivos mestres, um dos maiores cenários de formação (de estudiosos e linhas de pesquisa) das ciências sociais atuais, o escopo necessário para expor a continuidade e transmissão da memória social marxiana extrapolaria, em demasia, esta resposta. Portanto, optamos por expor apenas a linha tríade da investigação que forma a sociologia marxiana de Ricardo Antunes.

Nesse sentido, considerar-se-á a metodologia sociológica de Décio Saes, a qual (enquanto seu orientador e professor) semeia para Antunes um critério averiguatório da problemática, que, por sua vez, compõe (enquanto orientador e professor) um novo quadro de questões e estudiosos. Consequentemente, serão expostas as duas obras seminais de Saes, as duas obras nas quais Antunes continua e criteriza a problemática saesiana, e três pesquisas (mestrados e doutorados) de estudiosos que foram diretamente orientadas pela temática sociológica antunesiana. Pois bem, uma das primeiras obras de Saes é a sua tese de sua livre-docência, intitulada de “A formação do Estado burguês no Brasil (1888-1891)”, e publicada, em 1985, pela editora Paz e Terra.

Em vista disso, Saes, partindo do panorama historiográfico marxiano (de Ciro Cardoso e Jacob Gorender), o qual enxerga no capital escravista o motor ideológico de trabalho pelo qual a realidade social brasileira é corporificada, além do âmbito da questão (de Joaquim Nabuco e André Rebouças) abolicionista como elemento sociológico seminal de configuração da organização institucional e do modo de vida nacional, problematiza o estudo da formação nacional num parâmetro que avalia a ação da classe média como a força dirigente do processo de ação burguês pelo qual o aparelho executante (o trabalho) e a forma do Estado brasileiro são transformados e reorganizados (Saes, 1985, p.284). [81] SAES, Décio Azevedo Marques de. A formação do Estado burguês no Brasil: 1888-1891. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. Para Saes, o processo abolicionista foi permeado pelo desejo da classe média de impedir, através da transformação do “objeto de direito em cidadão (sujeito de direito)”, que o escravo se retirasse das unidades e estabelecimentos comerciais, tendo em vista que, transformado num aparelho executante (trabalhador) livre e assalariado, ele ofertaria, de maneira consciente, a venda de seu serviço (Saes, 1985, 278-282).

Consequentemente, Saes destaca que, na medida em que “o fim do tráfico internacional de escravos provocou a internacionalização de capitais e o surgimento de vários bancos”, a classe média passou a ser composta por homens que não somente executavam ações “predominantemente não manuais”, ou seja, dotados de méritos e competências de “concepção, direção, deliberação ou responsabilidade”, como também que pretendiam perpetuar e valorizar a divisão da superioridade hierárquica do aparelho (trabalho) não-manual sobre o manual (Saes, 1985, 286-287). Nesse sentido, segundo Saes, a classe média percebeu que, para obter um “maior quinhão na distribuição e remuneração do produto econômico-social”, era preciso condicionar a “valorização social, superior e hierárquica” da capacidade, dons e méritos executados pelo aparelho não-manual, de tal forma que as demais classes pudessem subjetivamente aceitar que um indivíduo tinha uma posição social inferior devido a sua falta de capacidade, dons e méritos para competir “pela conquista das ocupações não manuais” (Saes, 1985, p.296). 

Sendo assim, uma vez que o desejo da classe média era tornar a venda da capacidade individual o requisito fundamental para o desempenho social, ela precisaria “lutar para que as regras de promoção e recrutamento, dentro do Estado”, fossem identificadas com esse princípio, o que a fez, por conseguinte, “lutar pela transformação burguesa do Estado” (Saes, 1985, p.296-297).  Dessa forma, na obra “República do capital”, Saes problematiza o parâmetro da classe média numa metodologia sociológica pela qual a modernização e organização do Estado brasileiro é constituída e configurada (através da compra e venda do aparelho executante) pelo mercado assalariado de serviços, bem como pela forma capitalista do direito, isto é,  a “capacidade jurídica de todos os homens praticarem atos de vontade”, viabilizando, por sua vez, a ação pela qual o proprietário dos meios da ação a ser executada explora a vontade do executante, de modo a relacioná-la numa aparente troca de equivalentes (Saes, 2001, p.61). [82]  SAES, Décio Azevedo Marques de. República do capital: capitalismo e processo político no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2001.

Decorrente disso, de acordo com Saes, o “Estado capitalista brasileiro”, transformando “todo homem num sujeito individual de direito” (Saes, 2001, p.61-63) e vontade, locomove, relaciona e impõe a venda da vontade do aparelho executante, ao ponto dele somente se enxergar como indivíduo caso venda contratualmente a “autonomia de sua vontade” (seu serviço). Pois bem, Antunes, em sua dissertação de mestrado, intitulada “Classe operária, sindicatos e partido no Brasil: um estudo sobre a consciência de classe (1930-35)”, tenta continuar e destrinchar a linha metodológica de Saes, problematizando-a num critério averiguatório, em que, para entender as ações pelas quais as ações cotidianas se expressam e se manifestam, é preciso entender e indagar qual a gênese e particularidade da consciência operária no processo de ação a ser executado, bem como o seu relacionamento com o Estado (Antunes, 1980, p.I-II). [83]ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro. Classe operária, sindicatos e partido no Brasil: um estudo sobre a consciência de classe (1930-35). 1980. 279f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – … Continue reading

Ora, se para Saes o Estado é transformado a partir da venda assalariada do aparelho executante (vontade, dons e competências de trabalho), para Antunes a “práxis social” e própria consciência humana é prescrita (determinada) e constituida pelo trabalho (Antunes, 1980, p.4), tendo em vista que “todo ato social surge de uma decisão entre alternativas acerca de posições teleológicas futuras”, ou seja, “é um ato de pôr consciente” que “subordina a sua vontade”, e que “pressupõe, portanto, um conhecimento concreto de determinadas finalidades e meios” (Antunes, 1980, p.5-6). Nesse sentido, em sua obra “Adeus ao trabalho”, Antunes problematiza (debatendo, com André Gorz e Robert Kurz, a tese do fim do trabalho) o critério averiguatório do mundo do trabalho (enquanto ação vital da consciência) na metodologia morfológica do trabalho plataformizado, ou seja, a ação pela qual o capital (a partir da “ampliação do assalariamento”) condiciona, relaciona e expande o setor prestador de serviço numa “classe-que-vive-do-trabalho”.

Conforme Antunes, a nova morfologia de serviços diversifica o trabalho parcial ou terceirizado, uma vez que, através do incremento da “maquinaria tecno-científica”, o capital passa a exigir um “processo mais intensificado, complexo, sofisticado e multifuncional” de mercadorias, as quais devem ser executadas “em um tempo cada vez mais reduzido” (Antunes, 2006, p.160-161). [84]ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro. Adeus ao trabalho?: ensaios sobre a metamorfose e a centralidade do mundo do trabalho. 11. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de … Continue reading Sendo assim, “a máquina informatizada utiliza-se dos atributos intelectuais, competências e subjetividade” do aparelho executante (do trabalhador), os quais são, por sua vez, incorporados, transferidos e convertidos em “linguagem informacional da máquina inteligente” (Antunes, 2006, p.161).

Consequentemente, Antunes destaca que a morfologia plataformizada do trabalho envolve o setor de serviços numa intensa interação pela qual a “esfera informacional da mercadoria apropria-se da capacidade cognitiva” (Antunes, 2006, p.162-163) do aparelho executante. Por conseguinte, resta claro que, ao contrário de ser um “subletrado”, como afirma Robson, Antunes dá continuidade às linhas de pesquisa saesiana, formando, a partir da sua problemática metodológica, um novo método sociológico, o qual, por sua vez, forma um outro quadro de estudiosos e de linhas de pesquisa.  [85]Acentue-se que esse método de Antunes foi responsável por levantar também todo um âmbito de discussão pública no judiciário brasileiro, chegando, pois, a compor uma série de palestras, … Continue reading

Isto posto, uma das pesquisas mais proeminentes de seus orientandos é o doutorado de Ricardo Festi, intitulado “O mundo do trabalho e os dilemas da modernização: percursos cruzados da sociologia francesa e brasileira (1950-1960)”, no qual Festi tenta interpretar como a tradição sociológica brasileira revisou e autointerpretou os estudos que se dedicaram pela busca de uma compreensão histórica da realidade social brasileira (Festi, 2018, p.20). [86]FESTI, Ricardo Colturato. O mundo do trabalho e os dilemas da modernização: percursos cruzados da sociologia francesa e brasileira (1950-1960). 2018. 421f. Tese (Doutorado em Sociologia) – … Continue reading Festi retorna, pois, aos embates sociológicos da época para, analisando a tradição (desde a perspectiva histórica da sociologia do trabalho), problematizá-los num novo horizonte e campo histórico de questões, no qual a indústria e o trabalho seriam os objetos centrais do ramo de estudos do pensamento social brasileiro (Festi, 2018, p.21).

Nesse sentido, ele descobre que, devido a visão pela qual o mundo moderno seria compreendido a partir da ação capitalista, existiu um intercâmbio entre a tradição de estudos da realidade social brasileira (a chamada “sociologia uspiana do trabalho”) e a sociologia do trabalho francesa, ao ponto de se “criar uma relação política, pessoal e intelectual”, a qual “deu origem a diálogos teóricos e articulações acadêmicas que reforçaram uma antiga relação franco-brasileira” (Festi, 2018, p.21-23). Por isso, Festi problematiza uma fenomenologia ontológica da sociologia do trabalho, isto é, uma análise genética da complexidade histórica dos personagens e ideias, já que, para se compreender a obra e personalidade do autor (“significação subjetiva”), seria preciso inteligir o comportamento (“significação objetiva”) do grupo social (do qual o autor pode não pertencer) que, influenciado pela obra, tenta reproduzir os seus conceitos, os quais estão “sujeitos ao processo de autonomização” (Festi, 2018, p.25-26). [87]É considerável destacar que essa fenomenologia ontológica é muito similar ao estudo marxólogo de Kolakowski, ou seja, o estudo que abrange a história das ideias não somente pela ideia original … Continue reading

Pois bem, outra pesquisa que dá continuidade a linha sociológica antunesiana (mundo do trabalho) é o mestrado de Maria Aparecida Alves, intitulado “Setor informal ou trabalho informal? Uma abordagem crítica sobre o conceito de informalidade”, no qual ela problematiza a metodologia antunesiana (a morfologia do setor de serviços), de modo a discerni-la por meio de outro procedimento temático, isto é, o movimento pelo qual o assalariamento do capitalismo moderno, dicotomizando os setores do aparelho executante (trabalho) em formal e informal, modificou e acirrou a atividade formal para estruturar o rumo social-precarizado da atividade informal. Sendo assim, Alves pontua que a informalidade não seria apenas um “espaço alternativo ao assalariamento”, mas sim a “esfera” de ação que reexecuta e condiciona (Alves, 2001, p.65) [88]ALVES, Maria Aparecida. Setor informal ou trabalho informal?: uma abordagem crítica sobre o conceito de informalidade. 2001. 166f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e … Continue reading o aparelho executante (trabalho), o que permite, por sua vez, que a “dinâmica das atividades informais” seja influenciada pelo movimento que veicula o aparelho executante formalizado (Alves, 2001, p.67).

Decorrente disso, Alves nota que, na medida em que o aparelho executante informal “depende do movimento do mercado regulamentado para sobreviver”, ou seja, “depende da renda” assalariada do aparelho executante (do trabalhador), a renda obtida pela atividade informal têm sofrido um decréscimo “devido à diminuição do poder de compra” do aparelho executante assalariado (Alves, 2001, p.72). Para Alves, a sobrevivência e permanência do aparelho executante informal na profissão só seria possível caso ele vivesse num grupo familiar em que os outros membros executam as ações do segmento assalariado, ao ponto de poderem garantir uma ação de renda mínima pela qual o aparelho familiar-executante (trabalho familiar) é reexecutado (Alves, 2001, p.75). Por isso, quando há um acúmulo das ações que o “produtor informal” deve executar, os membros que executam as ações assalariadas passam, “à noite, nas horas de folga, lazer ou nos fins de semana”, a auxiliá-lo, o que significa, portanto, que o “tempo dispendido” (Alves, 2001, p.75) nessa ajuda não é percebido como um tempo de ação que deve ser executada (trabalho).

Sendo assim, Alves problematiza como o capital, ao reestruturar-se, corporifica a sua ação sobre a atividade informal, aumentando, pois, a intensidade e quantidade das ações que devem ser executadas, sem aumentar “o número de horas trabalhadas”, o que permite, por sua vez, que se exija do aparelho executante ações de “maior destreza, conhecimento especializado”, capacidade organizativa e de raciocínio (Alves, 2001, p.82-83). Decorrente disso, ela conclui que a morfologia de serviços adquire tamanha complexidade porque o modo de ação capitalista aumenta e intensifica o tempo que o aparelho executante deve se dedicar ao preparo e desenvolvimento de sua própria ação, de modo que falar em “redução do tempo de trabalho” não significaria falar em “horas de lazer”,  mas sim no desenvolvimento do aparelho executante (Alves, 2001, p.83).

Alves, então, procedimentaliza a problemática antunesiana num pilar temático, ou seja, a análise de que o capitalismo de serviços diminui o tempo da ação que deve ser executada dentro da empresa para aumentar o tempo da ação pela qual o aparelho executante é (fora da empresa) qualificado e relacionado a reexecutá-la (Alves, 2001, p.83) para si próprio (como, por exemplo, a exigência de cursos preparatórios para que se possa ter oportunidade ou ingresso no mercado de trabalho). Por conseguinte, o recorte tríade da linha sociológica antunesiana tem como fechamento a tese de doutorado de Henrique José Domiciano Amorim, intitulada “A valorização do capital e o desenvolvimento das forças produtivas: uma discussão crítica sobre o trabalho imaterial”, na qual ele problematiza a morfologia da plataforma imaterial de serviços para desembaraçá-la num painel de análise, o qual questiona e enfoca como o tempo livre do aparelho executante se converte no apêndice subsumido da máquina que executa e valora a ação capitalista.

Para Amorim, o capital fixo teria não somente tomado as “habilidades do trabalhador coletivo”, mas também as incorporado num centro de ação que, a partir de uma “lógica fantástica e abstrata” (Amorim, 2006, p.40) [89]AMORIM, Henrique José Domiciano. A valorização do capital e o desenvolvimento das forças produtivas: uma discussão crítica sobre o trabalho imaterial. 2006. 210f. Tese (Doutorado em Ciências … Continue reading, executa, desenvolve e governa a ação da mercadoria, de tal forma que o aparelho executante (trabalho vivo) seria pulverizado na maquinaria, ao ponto da máquina ser o “elemento vivo de carne e osso” (Amorim, 2006, p.40), passando, por sua vez, a controlar o processo de ação que executa a mercadoria. Em  vista disso, Amorim assinala que a ação do capital, ao converter o aparelho executante coletivo (o trabalho e saber científico coletivo) em “apêndice da máquina” (Amorim, 2006, p.40), permite que a mercadoria responda, seja executada e organizada a partir processo de ação pelo qual o interesse do capital é valorado.

Por isso, uma vez que o aparelho executante seria incorporado e subsumido à máquina (Amorim, 2006, p.41), o próprio saber do aparelho social (o “saber-fazer” da sociedade) seria dominado, corporificado e expandido pela ação do capital. Consequentemente, o capital tenderia a se afastar do aparelho executante (trabalho vivo), sem dele se desprender por completo, ou seja, sem se desvincular do veículo da ação-mercadoria pelo qual o dinheiro evolui, circula e se autovaloriza (Amorim, 2006, p.47). Nesse sentido, Amorim destaca que o tempo disponível está diretamente relacionado a “criação do tempo de não-trabalho” (Amorim, 2006, p.54), no sentido de reduzir o trabalho do aparelho social a um mínimo de tempo, tornando, pois, o tempo livre um meio para intensificar, qualificar e desenvolver, no aparelho executante, as aptidões requeridas pelo capital. Ele, então, enfocando analiticamente o setor de serviços, conclui que o produto é inseparável do ato que o executa (Amorim, 2006, p.70-72), de modo que esse setor está relacionado ao conjunto das ações sociais que executam a mercadoria de sua própria ação (a venda da ação de mais-valor).

 

Finalizando, pois, este “mínimo”, acredito que, de modo muito claro e cristalino, fica demonstrado como “essa gente” não são subletrados que se restringem a uma tradição revolucionária, mas sim intelectuais que, dando continuidade às linhas de discussão e pesquisa de seus mestres, formam todo um círculo de intelectuais, bem como que, ao não reconhecermos (como diria Carvalho) qual o nosso mapa de ignorância, ou mesmo quem está acima e abaixo dos nossos intelectuais, uma “futura investida da vanguarda carvalhiana” (como Robson pontua) é, de fato, um mero sonho (tal como a elite intelectual e a alta cultura que Carvalho tanto desejava formar).

References

References
1 FAORO, Raymundo. A democracia traída: entrevistas. São Paulo: Globo, 2008.
2 Nesse sentido, ver, por exemplo, os erros ortográficos contidos no terceiro volume da obra “Principais correntes do marxismo”, do Filósofo Leszek Kołakowski (KOLAKOWSKI, Leszek. Principais correntes do marxismo: o colapso. Campinas: Vide Editorial, 2022). Todavia, ao contrário de como procede Robson, não defendo que a historiografia marxologa de Kolakowski, ou mesmo o trabalho de tradução da Vide, deveria ser colocada em segundo plano em prol de um suposto “debate” realçando os seus erros gramaticais ou ortográficos.
3 Ver: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1961, p. 276-278.
4 “Em seu sentido mais genérico, redução consiste na eliminação de tudo aquilo que, pelo seu carácter acessório e secundário, perturba o esforço de compreensão e a obtenção do essencial de um dado”. Ver: RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.71.
5 Ver: MEDEIROS, Rodolfo Melo de. Jornal cultural: o que é e o que queremos?. Jornal Cidadania Popular, João Pessoa, 01 Dez. 2021. Disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/jornal-cultural-o-que-e-e-o-que-queremos/
6 CARVALHO, Olavo de. Diário – v.1 [recurso eletrônico]. Campinas: Vide Editorial, 2021.
7 NETTO, José Paulo. Método em Marx: da filosofia crítica à crítica da filosofia política. São Paulo: USP, 25 Fev. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gzPWkqp8z3Q&t=5804s.
8 NETTO, José Paulo. Introdução ao método de Marx. Brasília: UNB, 19 Abr. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2WndNoqRiq8&t=2s.
9 Acentue-se que Carvalho, embora compreendesse o Facebook como um “diário”, pelo qual os acontecimentos histórico-biográficos eram narrados, já havia antevisto como a rede social obstaculiza certos pontos de debate, chegando, pois, a afirmar que ela cria um “palavreado anárquico e incompreensível, porque as opiniões não são expressas no mesmo nível de significação”. Nesse sentido, ver: CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2010, aula 42., CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2016, aula 324.
10 Segundo Rodrigo Nunes, a horizontalidade está atrelada ao paradigma organizacional da rede, ou seja, a “aplicação da democracia direta e a criação anti-hierárquica” como método de organização interna das experiências e atores de um movimento. De acordo com Nunes, a horizontalidade pressupõe que indivíduos e grupos se relacionem e se agrupem em uma rede de nós descentralizados e não-hierárquicos, de modo que a sua organização forma um tecido ecológico disperso, já que ela se caracteriza pela ausência de um procedimento global de hierarquias para as tomadas de decisões. Portanto, a hierarquia, na horizontalidade, é definida pela capacidade de um membro não-fixo “conduzir o curso do grupo, de arrastá-lo em uma nova direção, de mudar sua forma e sua estrutura à medida que todos avançam” ( Ver: NUNES, Rodrigo. Nem vertical nem horizontal: uma teoria da organização política [recurso eletrônico]. São Paulo: Ubu Editora, 2023, p. 269-297).
11 Ver: ROBSON, Ronald. O mínimo sobre Olavo de Carvalho [recurso eletrônico]. Campinas: O Mínimo, 2023.
12 HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss: sinônimos e antônimos. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.
13 Ressalte-se que Robson parece desejar corrigir gramaticalmente e estilisticamente Carvalho,  tendo em vista que ele também fazia, em suas aulas, uso da expressão “campo”: “Ela simplesmente inaugura outro campo de discussões […]”; “[…] um campo de dificuldades a serem resolvidas” (Ver: CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 22 Out. 2013, aula 222, grifos nossos.; CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 15 Set. 2012, aula 172, grifo nosso.).
14 Vale enfatizar que o próprio Carvalho, em seus primeiros cursos, já afirmava que “aqui [no Brasil] ninguém prossegue o trabalho de ninguém”. (CARVALHO, Olavo de. Curso de Astrocaracterologia. Aulas de Abr. 1993, bloco 7, fita 1, grifo nosso).
15 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 06 Out. 2012, aula 174.
16 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 24 Out. 2015, aula 313.
17 CARVALHO, Olavo de. Curso conceitos fundamentais de psicologia. 16 Set. 2009, aula 03.
18 CARVALHO, Olavo de. Curso a formação da personalidade. 18 Maio. 2015, aula 01.
19 CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 02.
20 “Se você acompanha os meus artigos no Diário do Comércio, você vai ver que alguns artigos eu escrevo para todo mundo e outros eu estou escrevendo só para os meus alunos. Neste caso, eu não faço questão de ser muito claro”. (CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 06 Out. 2012, aula 174).
21 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Maio. 2016, aula 338.
22 Para fins de esclarecimento, considerou-se como ramificação apenas os casos em que os temas políticos ou cotidianos são os centrais e principais das aulas, desconsiderando-se, portanto, as aulas que apresentam tais temáticas como subtemas.
23 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 28 Jul. 2018, aula 433.
24 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 22 Jun. 2019, aula 476.
25 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 511.
26 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 519.
27 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 02 Mar. 2019, aula 462.
28 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 540.
29 CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 05.
30 CARVALHO, Olavo de. Curso Ciência política: saber, prever e poder. Abr. 2021, aula 01.
31 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2021, aula 551.
32 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2021, aula 553.
33 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 544.
34 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 547.
35 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 546.
36 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia [Curso paralaxe cognitiva]. 2021 [2006], aula 578.
37 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Out. 2015, aula 311.
38 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 2020, aula 542.
39 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2016, aula 324.
40 CARVALHO, Olavo de. Curso Ser e poder: princípios e métodos da ciência política. 09 Mar. 2019, aula 04.
41 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jul. 2016, aula 347.
42 CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil: história e perspectivas. 16 Abr. 2016, aula 05.
43 CARVALHO, Olavo de. Curso Ser e poder: princípios e métodos da ciência política. 09 Mar. 2019, aula 02.
44 CARVALHO, Olavo de. Curso II encontro de escritores brasileiros na Virgínia. 28 Nov. 2015, aula 03.
45 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 03 Set. 2016, aula 353.
46 Para melhor compreensão das referências epistemológicas pelas quais Carvalho conceitua uma proposta de vida intelectual, ver: MEDEIROS, Rodolfo Melo de. Os fundamentos da vida intelectual segundo Olavo de Carvalho: o problema das redes sociais. Jornal Cidadania Popular, João Pessoa, 24 Jan. 2023. Disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/os-fundamentos-da-vida-intelectual-segundo-olavo-de-carvalho-o-problema-das-redes-sociais-parte-i/.
47 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 13 Out. 2012, aula 175.
48 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Nov. 2012, aula 179.
49 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 04 Jun. 2016, aula 340.
50 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 10 Jan. 2015, aula 278.
51 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 15 Set. 2012, aula 172.
52 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 23 Jan. 2010, aula 42.
53 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 05 Dez. 2009, aula 35.
54 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 05 Ago. 2017, aula 395.
55 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 12 Mar. 2011, aula 97.
56 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Jan. 2012, aula 138.
57 CARVALHO, Olavo de. Curso a guerra contra a inteligência. 09 Mar. 2018, aula 05.
58 CARVALHO, Olavo de. Curso introdução à filosofia de Eric Voegelin. 01 Maio. 2009, aula 04.
59 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 19 Set. 2015, aula 308.
60 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 08 Jul. 2017, aula 391.
61 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 30 Jan. 2010, aula 43.
62 CARVALHO, Olavo de. Curso como tornar-se um leitor inteligente. 01 Maio. 2014, aula 04.
63 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 06 Ago. 2016, aula 349.
64 CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil … Op.cit.
65 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 21 Abr. 2017, aula 380.
66 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 29 Mar. 2014, aula 244.
67 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 26 Ago. 2017, aula 398.
68 CARVALHO, Olavo de. Curso a guerra contra a inteligência. 06 Mar. 2018, aula 02.
69 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 04 Mar. 2017, aula 374.
70 CARVALHO, Olavo de. Curso política e cultura no Brasil: história e perspectivas. 14 Abr. 2016, aula 03.
71 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 16 Jul. 2016, aula 346.
72 CARVALHO, Olavo de. Curso princípios e métodos da autoeducação. 01 Out. 2012, aula 01.
73 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 25 Mar. 2017, aula 377.
74 Ver: CHAINHO, Mario; RODRIGUES, Juliana Camargo. Curso online de filosofia: exercícios e indicações práticas [recurso eletrônico]. [s.d]. Disponível em: https://www.docsity.com/pt/cof-curso-online-de-filosofia-exercicios-praticos/5618824/.
75 CARVALHO, Olavo de. Curso Online de filosofia. 28 Nov. 2009, aula 34.
76 CARVALHO, Olavo de. Curso Sociologia da filosofia. 17 Out. 2013, aula 01.
77 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 28 Maio. 2016, aula 339.
78  CARVALHO, Olavo de. Curso Sociologia da filosofia. 18 Out. 2013, aula 02.
79 CARVALHO, Olavo de. Curso online de filosofia. 22 Out. 2013, aula 222.
80 CARVALHO, Olavo de. Curso princípios e métodos … Op.cit.
81 SAES, Décio Azevedo Marques de. A formação do Estado burguês no Brasil: 1888-1891. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
82  SAES, Décio Azevedo Marques de. República do capital: capitalismo e processo político no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2001.
83 ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro. Classe operária, sindicatos e partido no Brasil: um estudo sobre a consciência de classe (1930-35). 1980. 279f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1980.
84 ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro. Adeus ao trabalho?: ensaios sobre a metamorfose e a centralidade do mundo do trabalho. 11. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2006.
85 Acentue-se que esse método de Antunes foi responsável por levantar também todo um âmbito de discussão pública no judiciário brasileiro, chegando, pois, a compor uma série de palestras, eventos e cursos em diversos Tribunais do Trabalho (Ver: RICARDO Antunes, da Unicamp, fala sobre as novas morfologias do trabalho. TST, Brasília, 15 Out. 2009.; ENCONTRO da Magistratura do TRT5 reunirá juristas de diversas partes do país. TRT-5, Bahia, 06 Jul. 2015.; ENCONTRO Institucional: “O papel da Justiça do Trabalho é lutar contra aqueles que querem tornar o trabalho indigno algo normal”, diz sociólogo Ricardo Antunes. TRT-4, Rio Grande do Sul, 01 Dez. 2020.; MAGISTRADOS e servidores do TRT-8 participam do segundo módulo do curso de Difusão Científica. TRT-8, Belém, 29 Jun. 2021.; “TRABALHADORES nas plataformas digitais e segurança” é tema de hoje do Painel Trabalho Seguro. TRT-17, Espírito Santo, 25 Out. 2021.; SOCIÓLOGO Ricardo Antunes encerra primeiro dia do Congresso. TRT-15, Campinas, 19 Ago. 2022.; LIVE – TRT7 – Jurisdição 4.0 em (des)sintonia com a quarta revolução industrial. TRT-7, Ceará, 30 Ago. 2023.; ESPECIALISTA reflete sobre o futuro do trabalho no primeiro evento da Ejud21 em 2024. TRT-21, Rio Grande do Norte, 27 Fev. 2024.; “SE não soubermos trabalhar agora, daqui a algumas décadas ninguém mais terá direitos”: palestra do professor Dr. Ricardo Antunes abre ano letivo da EJud-13. TRT-13, Paraíba, 29 Fev 2024.), além de dois tomos de pesquisas em parceria com a Unicamp e com o Ministério Público do Trabalho, intituladas “Trabalho, tecnologia e impactos sociais: o advento da indústria 4.0” (Ver: ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro (org). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020.; ANTUNES, Ricardo Luiz Coltro (org). Icebergs à deriva: o trabalho nas plataformas digitais. São Paulo: Boitempo, 2023.
86 FESTI, Ricardo Colturato. O mundo do trabalho e os dilemas da modernização: percursos cruzados da sociologia francesa e brasileira (1950-1960). 2018. 421f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2018.
87 É considerável destacar que essa fenomenologia ontológica é muito similar ao estudo marxólogo de Kolakowski, ou seja, o estudo que abrange a história das ideias não somente pela ideia original do autor, mas também pelas circunstâncias e variedades dos personagens que, influenciados pela obra, apresentam-se como os seus representantes, exercendo, portanto, um curso no seu destino (Ver: KOLAKOWSKI, Leszek. Principais correntes do marxismo: os fundadores. Campinas: Vide Editorial, 2022, p.15-18).
88 ALVES, Maria Aparecida. Setor informal ou trabalho informal?: uma abordagem crítica sobre o conceito de informalidade. 2001. 166f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2001.
89 AMORIM, Henrique José Domiciano. A valorização do capital e o desenvolvimento das forças produtivas: uma discussão crítica sobre o trabalho imaterial. 2006. 210f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2006.
Rodolfo Melo

Rodolfo Melo nasceu em João Pessoa – PB; é Presidente e Editor Chefe do Jornal Cidadania Popular; aluno do COF desde 2016, tendo feito também o curso “PSICOLOGÍA DE LA TEMPLANZA”, com o Psicólogo Tomista Martin Echavarría.

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