Greimas, ao estudar o folclore lituano, percebe que as histórias possuíam uma estrutura lógica – nas quais as narrativas eram organizadas. Fiorin (2015) diz que a maior vantagem – à qual a semiótica discursiva pôde proporcionar – foi a de organizar um conjunto de regras focadas na leitura, e na pesquisa meticulosa, do conteúdo dos textos. Este autor percebeu que subjacente às narrativas havia uma estrutura lógica – que organiza a manifestação dos textos. Caberia à semiótica francesa formalizar o Percurso Gerativo de sentido (PGS). Sendo assim, para a compreensão do Percurso é necessário que ela seja resumida.
Segundo Barros: [1] Diana Luz Pessoa de Barros. Teoria Semiótica do Texto – pag. 13
a. o percurso gerativo do sentido vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto;
b. são estabelecidas três etapas no percurso, podendo cada uma delas ser descrita e explicada por uma gramática autônoma, muito embora o sentido do texto dependa da relação entre os níveis;
c. a primeira etapa do percurso, a mais simples e abstrata, recebe o nome de nível fundamental ou das estruturas fundamentais e nele surge a significação como uma oposição semântica mínima;
d. no segundo patamar, denominado nível narrativo ou das estruturas narrativas, organiza-se a narrativa, do ponto de vista de um sujeito;
e. o terceiro nível é o do discurso ou das estruturas discursivas em que a narrativa é assumida pelo sujeito da enunciação.
Nível fundamental
Este nível é caracterizado por sua simplicidade e abstração. A semântica é raramente usada e as associações de nível lógico são representadas por símbolos. Para interagir nesse nível, é essencial saber identificar as oposições semânticas. As definições das partes opostas são qualificadas como: boas ou más, justas ou injustas. As características boas são chamadas de “atraentes ou eufóricas” , enquanto as negativas são “repulsivas ou disfóricas”. As partes não são fixas, e dependem do modo como o texto irá mostrá-las. Isso pode ser exemplificado como: vida versus morte. Caso esta oposição fosse colocada em termos lógicos, poderia ser vista como S1 vs S2, sendo que S1 a vida e S2 a morte. Este é um exemplo de uma oposição semântica que é essencial para a estrutura do sentido de um texto – pois torna possível que o PSG possa começar do S1 (vida) , atravessar o não-S1 (não-vida), para chegar ao destino do S2 (morte) ou seja: a vida em S1 é contestada e finalizada, por sustentar o S2. A interpretação deste percurso é que a morte saiu vencedora – o que tem por consequência a perda da vida.
Nível narrativo
No nível anterior, tanto as estruturas como a semântica eram mais simples, pois tratava- se de um nível mais abstrato. Aqui elas possuem um desenvolvimento que as permitem sustentar uma narrativa, pois “não se trata mais de afirmar ou negar um conteúdo, de afirmar a liberdade e recusar a dominação, mas de transformar, pela ação do sujeito, estados de liberdade ou opressão“. [2] Diana Luz Pessoa de Barros. Teoria Semiótica do Texto – pag. 15 Após estudar as pesquisas de Propp e Lévi-Strauss sobre narratividade, Greimas desenvolve a teoria de que a semiótica mostra como funcionam as estruturas narrativas. Ele também considera que tais estruturas narrativas são necessárias para a produção do discurso, já que é este que associa os elementos formadores do nível discursivo. Portanto, para que a semiótica estabeleça o nível discursivo, é necessário antes a formalização do narrativo.
A FORMALIZAÇÃO DO NÍVEL NARRATIVO E O MODELO ACTANCIAL