Visando [1] Revisado em 11 Out. 2024. mostrar ao leitor qual é o objetivo desta nossa iniciativa, acreditamos que este itinerário é a melhor forma de fazê-lo. Pois bem, primeiro é preciso que fique claro a distinção entre jornal de massa e jornal cultural. Nas palavras do Filósofo e Professor Olavo de Carvalho, o jornalismo cultural é: “ao mesmo tempo, um reflexo jornalístico da criação cultural e ele mesmo um tipo de criação cultural”. [2]https://olavodecarvalho.org/quatro-perguntas-para-olavo-de-carvalho-sobre-jornalismo-cultural/
Por outro lado, o jornalismo cultural também cria uma nova perspectiva cultural. Este jornalismo apresenta ao cidadão uma maior compreensão da cultura, e do que se desenrola na sua sociedade. Portanto, a nossa proposta não é “espremer a cultura em um padrão jornalístico do noticiário geral”. [3]ibidem Não falaremos sobre a política banal do dia a dia – reportagens de duas ou três linhas, que não tem nada a acrescentar à vida do leitor, à ciência, ou à cultura cidadã.
Assim, o nosso jornal não terá pauta, mas sim “um grande corpo de colaboradores especializados, que acompanhem as novidades de seus próprios setores.” Cada colunista será livre para escolher temas, artigos e posições. Este Jornal é um espaço de debate sério e vivaz que abriga a todos os que queiram desenvolver um método sólido de pesquisa intelectual. Nosso Jornal busca ser um espaço de reunião e encontro entre aspirantes a intelectuais, e, ao mesmo tempo, um espaço de aperfeiçoamento, contrariedade, desenvolvimento e debate intelectual. Desta forma, não queremos colunistas que já sejam intelectuais, mas sim pesquisadores originais capazes de, germinando uma série de pesquisas, formar uma nova leva de pesquisadores.
Porém, como dissemos, a cultura é a cultura da sociedade popular. Não faria sentido que nosso jornal fosse apenas intelectual. Queremos mostrar ao cidadão que a prática e a teoria andam juntas, e, até mesmo, são fundamentos uma da outra. Assim, o nosso assinante também participará deste desenvolvimento cultural. O leitor estará, constantemente, em contato com o desenrolar deste debate. Cada colunista irá publicar artigos, que serão revisados por pares. Haverá réplicas entre estes, debates e discussões. O leitor não só acompanhará, vivamente, este processo, mas participará dele.
A nossa proposta é que o leitor também entenda a importância da Cultura, da Literatura, da Filosofia, do Direito, da Linguagem, de filmes, séries, desenhos, e passe a ter uma visão mais ampla do contato que ele já tem (com tais temas) no seu dia a dia. O objetivo é que tanto o colunista aspirante, como o leitor, estejam próximos, dialogando – buscando formar uma cultura para si mesmo e para o cenário brasileiro.
Entendido isto, apresentaremos alguns princípios fundamentais do nosso jornal. Queremos deixar claro que este jornal aceitará todas as linhas, perspectivas, teses, e posições, que queiram edificar a cultura brasileira. A proposta do Jornal Cidadania é desenvolver pesquisas junto do leitor, ou seja, produzir pré-projetos de pesquisa que se formam e corrigem na própria produção, e, ao mesmo tempo, formam e corrigem o próprio pesquisador, bem como o leitor que as acompanha e estuda. Este jornal aceita todas as linhas, perspectivas, teses e posições que queiram edificar a cultura brasileira.
Somos favoráveis ao debate, a divergência e contradição de ideias, pois só assim poderemos saber se aquilo que defendemos é verdadeiro, seguro e sólido, bem como estabelecermos uma linguagem que nos permita entender corretamente o problema e suas possíveis soluções. Este é, ao nosso ver, a melhor maneira de saber se o método de pesquisa, que acreditamos ser verdadeiro, é, de fato, científico.
Na verdade, estamos apenas seguindo o princípio do maior Filósofo do Brasil. E aqui citamos suas palavras: “A Opinião Pública” será a tribuna do povo de Pelotas. Não temos princípios políticos e sim sociais. Defendemos os interesses de todas as classes, e, sobretudo, os daquelles que mais precisam de auxílio da imprensa, as classes populares. Opinião Pública não é a opinião isolada de um jornalista que inculca interprete da opinião geral, mas opinião pública é a opinião do mais humilde ao mais illustre, que é systhematisada e exposta como individualidade homogênea. Assim, julgando, criticaremos com critério e, combatendo, doutrinaremos para collaborar e derruiremos para construir. A situação actual exige constructores. Construamos”. [4] Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.5 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos.
Quando afirmamos que este é um jornal cultural, estamos também seguindo outro princípio do Mário Ferreira dos Santos: “A fim de explicar as finalidades da Livraria e Editora Logos declarou: “Em oposição às outras editoras, que visualizam apenas o aspecto comercial, que visam apenas ganhar dinheiro, a Logos tem um programa cultural e realiza, dentro de suas forças, o que outros já deveriam ter feito: publicar apenas obras culturais. Tudo o que temos editado são clássicos e obras de filosofia. Nesse programa, estamos realizando o que o Brasil mais precisa, cultura e apenas cultura. Nosso programa é apenas cultural.” [5] Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.14 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos.
Seguimos também o seguinte princípio ferreiriano: ”Nós precisamos também estimular o nosso povo a ter fé em si mesmo e confiança de poder fazer alguma coisa de grande” [6] Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.20 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos. , assim como: “Precisamos criar elites de espírito brasileiro, preocupadas com problemas brasileiros, porque as elites no Brasil é que sempre dirigiram a nossa história. Se não formarmos novas elites, não criaremos uma outra mentalidade, não criaremos a confiança em nós mesmos, não seremos capazes de elevar este país para o destino que merece. Há muita gente capaz neste país, mas muitas vezes não podem fazer nada porque estão coartadas pela ação de grupos e de outros elementos que ocupam, às vezes, cargos de mando. Vamos fazer uma nova elite no Brasil.” [7]Ibidem
Portanto, o Jornal Cidadania não tratará temas sociais com piadas, memes, chacotas, desvalorizando ou subestimando nossos oponentes. Justificaremos nossas ideias, apresentaremos, seriamente, as ideias de nossos oponentes, apontando seus erros, seus acertos e discutindo seus pontos positivos e suas deformações. Derivamos esses princípios da Revista Brasileira de Filosofia, fundada, em 1951, pelo grande Miguel Reale. Nas palavras deste: “O IBF inicia a publicação dessa Revista, cuja finalidade primordial é reunir,em uma obra impessoal e objetiva, os esforços criadores de quantos, em nossa terra, se dedicam aos problemas da Filosofia. Nestas páginas encontrarão acolhida todas as tendências do pensamento contemporâneo […] Anima-nos, no entanto, uma robusta confiança em nossa capacidade de pensar ou de repensar criadoramente os grande problemas, sem nos atribuirmos a tarefa inglória de receber, da Europa ou da América do Norte, a Filosofia como pensamento pronto… Cultores da Filosofia e da Filosofia do Direito e da Sociedade encontrarão nestas páginas uma fonte de referência e contraponto“. [8] Disponível em: http://www.eeh2018.anpuh-rs.org.br/resources/anais/8/1529600910_ARQUIVO_MIGUELREALEEOINSTITUTOBRASILEIRODEFILOSOFIATextoANPUH-RS2018.pdf
Quando afirmamos que este Jornal aceitará todas as perspectivas, teses ou posições que queiram edificar a Cultura brasileira – e o resgate da Alta Cultura -, não estamos afirmando senão o que nos foi legado pelo Miguel Reale: “Graças a esta metodologia [elaborada por Reale ] foi possível, aos pesquisadores do IBF e aos alunos dos Cursos de Pós-graduação em Filosofia Brasileira que funcionaram entre 1979 e 1996, estudar um número bastante representativo de pensadores brasileiros, pertencentes a correntes doutrinárias as mais variadas, sem preconceitos de credo religioso ou ideologia política. É esta, sem lugar a dúvidas, a mais importante contribuição que, do ângulo metodológico, fez o Instituto Brasileiro de Filosofia, no contexto latino-americano. À luz dessa metodologia formaram-se, ao longo dos últimos quarenta anos, várias gerações de estudiosos da Filosofia Brasileira, bem como das demais filosofias presentes na América Latina“. [9] Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/estudosfilosoficos/article/download/2383/1655
Por fim, vamos, então, passar para a apresentação das nossas colunas. Cada coluna tem um grau de hierarquia, representada pelas cores e números no diagrama (fixado abaixo). Nas colunas com cores vermelhas falaremos de Filosofia, Sociologia, Psicologia, História, Meta- Análise dos artigos adversários, etc. Por isto, são as colunas de maior complexidade, as quais exigirão do leitor um certo nível de estudos, tendo em vista que a linguagem será um pouco mais abstrata, mais rigorosa e metodológica. A proposta é que as colunas sejam como degraus de uma escada, onde o leitor vai galgando, ao longo do tempo, batente por batente. Já as colunas com cores amarelas são uma transição entre as vermelhas e as verdes, ou seja, colunas que tratarão de temas recorrentes na sociedade, mas sempre remetendo-se a análises e reflexões.
Por último, mas não menos importante, as colunas com cores verdes são o ponto de partida para o assinante que entra em contato, pela primeira vez, com a vida de estudos. São temas de cultura social-geral: temas explicativos de assuntos da constituição brasileira, coleta e exposição de documentos aprovados como teses universitárias, resenhas literárias de filmes, séries, músicas, jogos, desenhos, etc.
Cabe ainda algumas observações. A divisão do diagrama tem por objetivo atingir 3 públicos, a saber: aquele que já está em um estágio mais avançado de suas pesquisas intelectuais-culturais, aquele que descobriu há pouco tempo o seu campo de pesquisa e aquele que nunca entrou em contato com estudos ou vida cultural. Levar a cultura, a cultura que é senão popular, ao cidadão brasileiro. Essa é a nossa meta.
References
↑1 | Revisado em 11 Out. 2024. |
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↑2 | https://olavodecarvalho.org/quatro-perguntas-para-olavo-de-carvalho-sobre-jornalismo-cultural/ |
↑3 | ibidem |
↑4 | Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.5 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos. |
↑5 | Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.14 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos. |
↑6 | Nunes Galvão e Lhullier dos Santos, 2001, P.20 – Monografia sobre Mário Ferreira dos Santos. |
↑7 | Ibidem |
↑8 | Disponível em: http://www.eeh2018.anpuh-rs.org.br/resources/anais/8/1529600910_ARQUIVO_MIGUELREALEEOINSTITUTOBRASILEIRODEFILOSOFIATextoANPUH-RS2018.pdf |
↑9 | Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/estudosfilosoficos/article/download/2383/1655 |