Neste terceiro capítulo, inquiriremos a conjuntura de 2 artigos, ambos pertencendo ao caso-coorte 5. Nesta conjuntura, das obras do Olavo que são citadas, a mais elevada, no que concerne aos temas da subdivisão de seu nível de discurso, é o livro “O futuro do pensamento brasileiro”. Sendo assim, o primeiro artigo a ser trabalhado é de autoria de Daniel Velasco Leão e Paulo da Costa Pereira Neto, intitulado “O jardim e a Matrix: Uma análise da dupla persona de Olavo de Carvalho”, na Revista Em Tese – UFSC. Em seu artigo, Leão e Neto utilizam 4 livros (“A nova era”, “O futuro do pensamento brasileiro”, “O imbecil coletivo” e “Os EUA e a Nova Ordem Mundial”) do Olavo. Para o detratar, Leão e Neto usam 3 artigos, 1 livro e 7 matérias jornalísticas. Eles introduzem a análise afirmando pretenderem demonstrar que a “incompatibilidade entre a figura calma e benevolente de Olavo, tal como apresentada no documentário O Jardim das Aflições, e a imagem agressiva do escritor, que se propagou nos últimos anos”, não seriam incompatíveis, mas antes uma “complexa continuidade entre os dois personagens, a de um pai e profeta”. [1] Ver: Leão, D.V; Neto, Paulo da Costa Pereira, 2021, p.214 (p.1); In: Em Tese, Florianópolis, v. 18, n. 2, p.214-244, set/dez. 2021. Universidade Federal de Santa Catarina.
De acordo com Leão e Neto, a seção de comentários do Youtube seria uma “ferramenta muito interessante” para entender como o público se apropriaria dos vídeos de Olavo, de maneira a pensá-lo a partir de “dois tipos ideais de grupos”: dos olavistas que enxergam em seu mestre um verdadeiro profeta do antigo testamento”, e o de seus inimigos que veem em Olavo a “figura pretensiosa e arrogante de um dublê de astrólogo e filósofo”. Ainda conforme Leão e Neto, a visão de Olavo como uma figura profética seria confirmada numa rápida passada de olho sobre as mensagens de seus seguidores, que “agradecem a Deus por permitir que seu mestre salvasse o país, ou que rezam para que o mesmo Deus proteja Olavo em sua jornada” – o que revelaria, assim, a “doutrina religiosa ou um mandamento divino anunciados em sua missão profética”. Decorrente disso, Olavo manifestaria o seu “caráter profético” – entendido como um “instrumento divino com uma missão sagrada” – em outra faceta: a “do portador de um carisma puramente pessoal”, uma vez que, “contrapondo-se ao sacerdote, que usufrui de seus status graças à hierarquia que galga”, “o profeta adquire sua iluminação às margens do sacerdócio, diretamente de Deus”. [2] Ver: Leão, D.V; Neto, Paulo da Costa Pereira, 2021, p.219 (p.6) – Op.cit