Foi com o Olavo que descobri o que era empreender uma busca sincera pela verdade. Vendo na prática seus artigos, pude impressionar-me com a sua verossimilhança. Foi assim que comecei a seguir os seus conselhos sobre a literatura e o cinema. Com Olavo, aprendi a montar uma biblioteca imaginária (sobre os temas que pretendia estudar); a buscar a origem das ideias – observando as coisas, a natureza, amadurecendo, e amando a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Verdade encarnada. A inspiração dessa busca pela verdade vinha também de sua personalidade. O amor à verdade estava estampado em seus olhos; a bondade – que originava a caridade de transmiti-la – estava afetuosamente desenhada em seu sorriso terno.
Quem conheceu o professor (Sonho que não poderei concretizar nessa temporalidade) sabe que se tratava de um sujeito extremamente simpático e receptivo – sem dúvida o velho mais fofo da Virgínia. O sarcasmo de suas falas, e a dureza de suas hipérboles, davam a essa figura uma comicidade que por vezes me arrebatou os mais imoderados risos. Havia um Olavo para cada meio de comunicação: bondade, humor, devoção, sinceridade e complexidade – todos presentes em uma só pessoa. Olavo era uma das únicas referências que eu tinha do que é uma personalidade forte – sua influência é o retrato mesmo do poder que uma presença assim pode ter.
O que mais especificamente me interessou, nas aulas que assisti do Professor Olavo, foram seus comentários sobre a literatura. Comecei a lê-la de verdade porque com ele aprendi o sentido de: desenvolver a linguagem, sobretudo na língua materna, para poder expressar a verdade conhecida por intuição – podendo assim entendê-la, quando transmitida através da linguagem. Aprendi também como enriquecer o imaginário – sobre a vida humana e as possibilidades do ser humano -, de maneira a ter um olhar mais sensível, a entender o homem e se conhecer – autoconhecimento necessário para perceber o conhecimento adquirido, alcançando assim a unidade do conhecimento na unidade da consciência.
Além desses princípios, havia um conhecimento que se adquiria apenas vendo a forma exímia com a qual ele descrevia os personagens das obras e as suas ações. Ele sempre mencionava o cinema, aplicando os mesmos princípios mencionados. Eu já possuía afeto pela sétima arte, mas, após o Professor, assisti-las tornou-se um modo de desenvolver minha personalidade, e me fazer aproximar da verdade. A partir daí, parei de assistir a filmes e passei a estudar cinema. Essa verdade, que o Senhor buscou por tantas décadas às apalpadelas – e da qual experimentou apenas “um reflexo obscuro, como em espelho” -, agora poderás ver face a face. A conhecerás plenamente, da mesma forma que és plenamente conhecido. Sofrerás a última provação: vê-la e não poder tocá-la. Mas uma alma boa deixa centenas de almas – e estas rezam para que aquela possa contemplar o verbo em carne. E naquele dia, estarás também tu, com um corpo transformado, ao de todos nós, em um só corpo celeste.
25 de janeiro, dia em que escrevo esse texto, comemora-se a conversão de São Paulo Apóstolo, que, sendo alcançado pela verdade, a expôs como ela é – vivendo para transmitir essa verdade contemplada. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. [1] 1 Coríntios 13:13
References
↑1 | 1 Coríntios 13:13 |
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