Assim como fizemos com o Rago, vamos destacar o seu currículo. Marly Vianna graduou-se em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), é Mestre em Economia Agrária pela Universidade Federal de Campina Grande/Paraíba (1985) e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (1990). Professora aposentada pela Universidade Federal de São Carlos. Atualmente é professora de pós-graduação da Universidade Salgado de Oliveira, no Mestrado em História, com concentração nas áreas de História do Brasil República, pesquisando principalmente os seguintes temas: partidos políticos, movimentos sociais, tenentismo, pensamento de esquerda no Brasil: história do Partido Comunista Brasileiro, socialismo e anarquismo.
Participou de diversos eventos, entre os quais: “100 Anos da Internacional Comunista (1919-2019).A Internacional e as rebeliões de novembro de 1935. 2019. (Simpósio)”; “Cultura Libertária, feminismo e anarquismo.Mulheres anarquistas, novas subjetividades e feminismo. 2019. (Seminário)”; “200 anos de Marx – uma teoria social para transformar o mundo. A operação da política na teoria marxista. 2018. (Seminário) ; “VI Curso livre Marx-Engels: Marx e os marxismos.O marxismo de Lênin. 2018. (Outra)”; “América Latina en una tormenta politica y social. O Brasil nos dias de hoje. 2018. (Congresso)”; “Lançamento de livro.O anticomunismo e a cultura autoritária no Brasil. 2017. (Outra)”, etc. [1] Todas essas informações estão disponíveis em: https://www.escavador.com/sobre/3529532/marly-de-almeida-gomes-vianna
Assim como o Rago, Marly participou da banca de inúmeros alunos desde Mestrado e Doutorado em História, pós graduação em Ciências Sociais, Doutorado em Educação, Doutorado em Ciências Sociais, etc. Escreveu um vastidão de artigos e livros, desde “o Fascismo no século XXI”, “Luiz Carlos Prestes”, “ O imperialismo e a dominação burguesa na Primeira República”, “Contra a foice e o martelo: a invenção do anticomunismo no Exército Brasileiro”, “O período Vargas e a repressão aos comunistas”, etc.
Pois bem, a Marly introduz a sua aula dizendo que a sua abordagem está muito ligada a uma discussão que se tem travado em relação ao governo atual. Quer dizer “é fascismo, não é fascismo?”. Segundo ela, “pessoas brilhantes têm defendido que o Bolsonaro é um candidato ao fascismo, que estamos caminhando para o fascismo”. Como dissemos na questão do Rago – onde o intelectual distingue-se da militância -, a Marly tem a consciência histórica de que não temos fascismo no Brasil. Assim , ela nos diz que “escrevi alguns artigos sobre essa questão e a minha opinião inicial é que nós não temos fascismo no Brasil, e que não tivemos fascismo na Espanha ou em Portugal. A partir disso, esse tipo de comparação começou a me incomodar”. A Marly vai dizer então que o “grande guarda chuva” nessas questões não é a comparação com o fascismo ou o nazismo, mas sim com a “extrema-direita”.
Segundo Marly “cada uma dessas manifestações de extrema-direita é uma manifestação específica conforme a situação social histórica do país. E se a gente parar para pensar no fascismo – porque a gente está falando fascismo, mas fica pensando no nazismo; então “fascismo, fascismo, fascismo”, mas lá vem Hitler -, veremos que ele tem o aspecto não só do antissemitismo, mas, principalmente, a violência, a cultura da morte, a cultura da violência“. É de se ressaltar que a Marly tem a plena consciência de que a militância, em seu embate politico, caracteriza o adversário de “fascista”, mas confundindo-o com nazista.
A Marly alerta então para o problema da falta de estudo da manifestação tipicamente fascista – que ela vai identificar como “extrema-direita”. Ela então pergunta “o que que vai unir essas manifestações da extrema-direita?”, dizendo que “são duas questões: a anti-democracia, que eu chamo do anti-bolchevismo, o anti-comunismo, e o nacionalismo”. Vamos destacar aqui algumas coisas. Primeiro, é fantástico como a intelectualidade marxiana entende o papel que ela exerce como formatadora [2] Formatar: preparar algum suporte informático para receber novos dados; preparar algo segundo um dado formato; dispor dados de acordo com uma ordem. de uma linguagem.
Mas, ela não só levanta a terminologia “extrema-direita” – dando uma situação à palavra -, como também padroniza a terminologia em dado significado – que será utilizado pela militância à massa. Isso pode ser constatado nas várias, e várias vezes que já lemos, ou ouvimos, a palavra “extrema-direita” na televisão, nos jornais, nos filmes, novelas, etc. A maioria das pessoas, ao ouvir tais palavras, não entende o seu significado interno – que vem de um núcleo intelectual, ao estudar o campo da vida social -, ao qual direciona a informação para o embate prático.
Mais à frente, a Marly vai nos dizer um pouco mais do que é essa “extrema-direita”: “havia no nazismo um culto muito presente à volta às origens, às tradições antigas, que está bem ligado ao nacionalismo alemão e à raça”. Ora, na medida em que, para a Marly, a “extrema-direita” caracteriza-se pelo nacionalismo, e (ainda segundo a mesma), o nacionalismo é a tentativa de voltar à “origem racial”, ou a “tradição antiga da raça” [3] Lembrar do sentido de raça que destrinchamos na teoria do Rago, disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/salao-do-livro-politico-a-importancia-da-consciencia-historica-parte-i/ , isso quer dizer que a “extrema-direita” trás também um caráter “racista” do nazismo.
References
↑1 | Todas essas informações estão disponíveis em: https://www.escavador.com/sobre/3529532/marly-de-almeida-gomes-vianna |
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↑2 | Formatar: preparar algum suporte informático para receber novos dados; preparar algo segundo um dado formato; dispor dados de acordo com uma ordem. |
↑3 | Lembrar do sentido de raça que destrinchamos na teoria do Rago, disponível em: https://jornalcidadaniapopular.com.br/salao-do-livro-politico-a-importancia-da-consciencia-historica-parte-i/ |