Quero enfatizar que este artigo não se trata de um sistema teorético, e nem de um objeto de estudo. Trata-se, portanto, apenas de uma reflexão do próprio ser humano – sujeito pensante e filosofante – em seu estado de ser, enquanto busca o saber – tendo em vista alcançar, na realidade, a verdade. Esta filosofia tem como fundamento e princípio a realidade e a verdade, ou seja: elas são as bases sobre as quais o ato de filosofar será exercido. A realidade e a verdade não serão tratadas como meros objetos a serem analisados, e, muito menos, como matérias primas, porque elas não são coisificações, mas sim a própria existência – sendo o ser humano partícipe dela, pois trata-se de uma ordem dentro da qual ele está inserido.
O “órgão” utilizado neste ato filosofante será a consciência, pois é nela que se incide a iluminação das verdades as quais clareiam os discernimentos. A consciência não é objeto, mas uma “substância” existencial inerente ao ser humano, na qual fundamenta nossa capacidade de compreensão da realidade existencial. Mas, em si mesma, ela é inexperienciável, já que é uma pressuposição ontológica. Perceba que a consciência não é autossuficiente; na verdade, ela é como se fosse uma lâmpada que necessita de iluminação, porquanto não é capaz de produzir “luz” própria.
Nada é produzido na consciência, tudo a precede e a transcende; assim, ela é consciência transcendental, porque precisa sempre transpor-se de si para que possa ser consciencitude, ou seja: quando, em estado da atividade da conscientização, exercitando e fruindo aquilo que lhe é inerente e característico. Tudo em relação à consciência está antecedido ou transcendido. Importante ressaltar que, mesmo se houver uma iluminação interior, ainda assim, ela não será produzida pela consciência, mas sim pelo espírito que, mesmo em nosso íntimo, é um ente – a parte autônomo e independente – alojado em nosso ser.