A alienação faz muitos acreditarem que é possível “aprender a pensar”, quando, na verdade, pensar trata-se de uma capacidade inata – assim como andar, falar, ouvir. Quem pretensiosamente queira ensinar-te a pensar quer, na verdade, manipular-te, adestrar-te, intelectualmente. Aprender a pensar com alguém é a mesma coisa de saborear um alimento com o paladar emprestado do outro – sendo que será este outro quem desfrutará o sabor do alimento degustado.
É você quem precisa visualizar aquilo que o seu próprio intelecto percebeu, e tentar verbalizá-lo – expressando em palavras. Este processo de expressividade acontece paulatina, misteriosa e espontaneamente, pois elas emergem da totalidade do nosso interior – como um ser que se sente, pensa, reflete-se, espiritualiza-se e se relaciona. Os nossos pensamentos, portanto, são fundamentados na realidade, e nas verdades que alicerçam nossa consciência intelectual, emocional, espiritual e social.
As verdades penetram internamente na estrutura completa do nosso ser, atingindo todas as nossas faculdades, das mais básicas às mais sofisticadas; nada escapa. Logo, todo o nosso ser pensa como uma orquestra sinfônica – em conjunto e de forma harmônica -, com todos os instrumentos em funcionamento. Portanto, é uma horrorosa falácia quando nos dizem que pensamos com o cérebro, pois é como querer pegar algo apenas com um dedo e andar apenas com uma perna. Somente alienados pensam com o cérebro.
O conhecimento nasce com a maturação das verdades que estão internalizadas, as quais, espontaneamente, vão emergindo. Uma criança, quando começa a falar, não estudou um manual de gramática para se capacitar a pensar e falar. De repente, ela começa a expressar-se verbalmente, e, como num passe de “mágica”, ela começa a raciocinar intelectualmente sobre muitas questões – o que sempre nos pega de surpresa.
Todos nós percebemos verdades e expressamos conhecimentos por meio da totalidade do nosso ser, e a função do nosso cérebro é secundária – mero coadjuvante que trabalha humildemente com a finalidade de transformar todo o arcabouço de conhecimentos em proporções manejáveis. A alienação imbeciliza o intelecto reduzindo-nos ao cérebro, ao qual não passa de uma pequena parte de um todo complexo.