Ródion Românovitch Raskólnikov é o personagem principal da obra Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski (1821-1881). Seu nome vem de uma expressão russa – raskolnik – que significa “cisma”,”divisão”. Isto se dá porque o personagem, durante todo o romance, permanecerá dividido entre o que ele pensa e o que ele faz – entre o bem e o mal. Ródion acredita no “homem extraordinário”, chegando, assim, a escrever uma ideologia que o descreve. Uma ideologia precisa ter uma lógica interna mesmo que não compactue com a realidade. Para o personagem principal, matar uma velha penhorista não teria nada de errado. Aliena Ivánovna era uma senhora que aproveitava-se dos pobres, que iam até ela para penhorar o pouco que tinham; não bastasse isso, a velha cobrava-os com juros altíssimos.
Dona de uma fortuna, tinha como finalidade doá-la para um Monastério para que os Monges rezassem por sua vida eternamente. Raskólnikov encontrou, nesta situação, uma oportunidade de matar Aliena, dando, então, um futuro mais humanitário para seu dinheiro. Porém, quando ele a mata, arrepende-se de imediato. A angústia daquele jovem era não encontrar lógica para seu arrependimento, já que ele acreditava ter feito o certo. O motivo de sua aflição só resplandece quando ele encontra um motivo religioso que o faz ajoelhar-se para Sônia – simulando seu arrependimento para Deus.
A filosofia que o perfila influenciou Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão que daria respaldo para o Niilismo ou Nietzschianismo: Filosofia da revolta anti-metafísica, da revolta do passado histórico, principalmente Ocidental, dando origem à filosofia do Nada. Raskólnikov, em seu artigo sobre crime, escreve que alguns homens, por serem extraordinários, são, por isso mesmo, dignos de sobrepujar as leis que foram feitas para os homens comuns.
“É provável que não me engane supondo que é esse o seu desejo. Ao meu ver, se as descobertas de Kepler e de Newton, em consequência de certas circunstâncias, não tivessem chegado ao conhecimento dos homens de outra maneira senão mediante o sacrifício da vida de um, dez, cem ou mais homens, que se opusessem a essa descoberta ou se atravessassem no seu caminho como obstáculos, Newton, então, teria o direito e até o dever… de eliminar esses dez ou esses cem homens, a fim de que as suas descobertas chegassem ao conhecimento de toda a humanidade“. [1] Crime e Castigo, Dostoiévski, Edição “da letra”, 2021, Página 263
References
↑1 | Crime e Castigo, Dostoiévski, Edição “da letra”, 2021, Página 263 |
---|