No último tópico deste artigo, será analisado não mais ferramentas para que, de fato, a Revolução Sexual possa acontecer, mas sim o desenrolar desta quando já conclusa – começando pela normalização da pedofilia, até a normalização do canibalismo. Porém, os ideais de Alfred Kinsey, assim como os de Marquês de Sade, foram, mesmo sendo a época da “liberdade sexual”, totalmente negados pelo seu tempo – embora, em 2004, eles tenham conseguido ganhar alguma atenção um tanto quanto estranha.
“Em 2004, Bill Condon dirigiu e Liam Neeson protagonizou o filme biográfico que contou a história de Alfred Charles Kinsey. Valendo-se de todos os eufemismos possíveis, Hollywood consagrou Kinsey como um pesquisador revolucionário e preocupado com a liberdade sexual da sociedade americana. Antes que Witting elaborasse a proposta do ‘padrão lésbico’, Kinsey já havia criado a ‘escala gay’. Duas obras – por ele produzidas – compõem o que chamamos de ‘Relatório Kinsey’: corpo robusto do movimento feminista: ‘ O comportamento sexual do macho humano’ – a primeira grande produção bibliográfica da famigerada revolução sexual -, e ‘O comportamento sexual da fêmea humana’”. [1] Ana Campagnolo: Feminismo: Perversão e Subversão, página 248
Alfred Kinsey (1894- 1956) nasceu em Indiana-EUA. O pai de Kinsey era protestante e membro de uma Igreja Metodista local. Por ser religioso, ele proibia que, em sua casa, os membros bebessem álcool, danças pagãs e fumos em geral. Kinsey formou-se em zoologia por Bowdoin College e acabou especializando-se em vespas. Como colecionou entre um milhão de vespas do gênero Cynips, ganhou, por isso, respeito e admiração dos seus colegas – admiração essa que o levou a lecionar em Indiana, lá conhecendo Clara McMillen, com quem veio a se casar aos 25 anos.
Porém, foi na lua-de-mel que Kinsey deparou-se com seu primeiro problema: o ato sexual era muito dolorido para sua esposa e, por isso, Kinsey foi procurar ajuda – o que o levou a perceber que a sexualidade era um assunto um tanto quanto vago em termos intelectuais, levando-o a estudá-la com mais profundidade. Seus estudos com vespas o fez perceber que, mesmo em um grupo já definido, existem muitas indefinições, e estas acabam o levando até a relação humana, pois ele achava a separação entre “homo” e “hétero” binária demais. Para o sexólogo, qualquer relação pode ser válida e, ainda assim, continuar a ser moral.
Kinsey afirmava: “falando em termos biológicos, não existe, na minha opinião, nenhuma relação sexual que eu considere anormal. O problema é que a sociedade está condicionada por normas tradicionais para fazer crer que a atividade heterossexual dentro do casamento é a única correta e sã entre as expressões sexuais. Levar a cabo qualquer tipo de atividade sexual é libertar-se do condicionamento cultural que a sociedade impõe, e que leva a fazer distinção entre o que é o bem e o mal, entre o lícito e o ilícito, entre o normal e o anormal, entre o aceitável e o inaceitável na nossa sociedade”. [2] Kinsey fala de sexo
Se Kate Millett desenvolveu a tese que conecta o sexo a uma revolução, se Butler deu a ferramenta do “gênero”, se Wittig deu a ferramenta do “lesbianismo político”, se a ONU deu a ferramenta do Antinatalismo, se Margaret Sanger deu a ferramenta da pílula, Alfred Kinsey desfrutará de todas estas – para aplicá-las em teorias ainda mais bizarras. Kinsey é o primeiro capítulo da Revolução Sexual quando já ativa. Não há diferença entre um relacionamento de um homem e uma mulher e de um homem e uma criança, ou de uma mulher com um cachorro.