Sinto-me, primeiramente, na obrigação de explicar a motivação que levou-me a redigir este artigo. A ideia de criar uma espécie de fusão entre a filosofia de Olavo de Carvalho e Mário Ferreira dos Santos, é algo que se passa, acho que quase necessariamente, pela cabeça de qualquer um que os tenha lido. No meu caso, já havia lido a algum tempo ( o que é considerado por alguns como a obra máxima de Carvalho) o seu “Aristóteles em nova Perspectiva Introdução à Teoria dos Quatro Discursos”; já no caso do Mario, por uma má indicação, de uma pessoa cujo o nome não pronunciarei – pois, já dizia minha mãe que o nome é que faz o fuxico – , li o livro Sabedoria das Leis Eternas (achando que a obra tratasse sobre direito natural).
Pois bem, após alguns anos, no meu primeiro emprego, eu costumava ficar sem ter muito o que fazer, até que descobri algo: o bloco de notas – que acabaria então por me tirar daquela situação aflitiva. Naquela situação tediosa, veio até mim um daqueles momentos que, na hora, você não está procurando, ou não pede para saber. Isto seria como aquilo que o padre e filósofo Bernard Lonergan tão bem chama de “insight”- e que no Brasil pode ser traduzido como Intelecção. A ideia veio na forma de uma pergunta: seria possível uma união das filosofias de Carvalho e Ferreira dos Santos?
Pergunta bastante complicada, pois, isso exigiria conhecer profundamente ambas as filosofias, depurá-las , e selecionar os pontos em comum – para desenvolvê-los. Não, a resposta não estava aí. Logo, lembrei-me de duas aulas do Professor Olavo, onde, na primeira, ele afirmava que usava a técnica dos quatro discursos em suas análises; e, na segunda, ele declarava que o ápice da decadialética eram as leis eternas. Agora sim, pensei, eu havia encontrado o bom caminho.
Assim, passei a perguntar-me: haveria alguma forma de unir os quatro discursos com as leis eternas? Pensei que estaria então unindo as duas filosofias em uma – e hoje não tenho motivos para discordar de tal empreitada. Passemos, pois, a reescrever o que havia naquele bloco de notas. Primeiramente, é necessário passarmos por uma descrição resumida do que seja esses tão famigerados quatro discursos.
